Setor de panificação atravessa crise mantendo 90 mil vagas

Vagas correspondem aos postos de trabalho diretos e indiretos. Além disso, a atividade fatura R$ 2,88 bilhões por ano

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,
Legenda: A disposição dos empresários em apostarem no setor, diversificando os produtos ofertados, é apontada como uma das razões pelo menor efeito da crise econômica do País na atividade, que cresceu cerca de 2,8% no ano passadp
Foto: Foto: José Leomar

A indústria de panificação no Ceará vem conseguindo sobreviver de maneira satisfatória à crise econômica e financeira que atravessa o País. O setor prevê, inclusive, crescimento - embora leve - ao fim do ano. Isso tudo, mantendo as vagas de emprego, praticamente sem demissões durante o ano. Atualmente, são cerca de 30 mil empregos diretos e 60 mil indiretos gerados pela panificação no Ceará. O setor também é o responsável por faturar cerca de R$ 2,88 bilhões anualmente no Estado.

De acordo com o presidente da Associação Cearense da Indústria da Panificação (Acip), Carlos Brandão, a atual situação do setor é considerada "razoável" diante do cenário do País. Ele atribui o resultado à disposição dos empresários em seguir apostando no setor.

"Ano passado, crescemos pouco em comparação aos anos anteriores, 2,8% aproximadamente. Em 2017, a gente já sente uma pequena diferença em termos de posicionamento de consumo. A gente sente uma vontade, disposição de levar o barco com força, com mais ânimo. A gente não sente o pessimismo. O susto inicial passou, e o empresário deixou de esperar só pelo governo. Todos estão procurando uma saída e isso tem sido positivo. Achamos que 2017 será um pouco melhor (que 2016)", afirmou Brandão.

A opinião é compartilhada pelo vice-presidente do Sindicato da Indústria de Panificação do Ceará (Sindpan), Lauro Martins. "O setor tem sofrido com a situação do Brasil, mas a gente tem tentado desfazer algumas situações. Por se tratar de pequenos negócios, a gente acaba de alguma forma minimizando esse efeito da crise. É um setor que não tem crescido como vinha anualmente, mas não tem perdido muito como outros setores, que perderam vendas, tiveram as despesas oneradas. No nosso caso, temos sentido um impacto nos custos mas as vendas não têm caído. E a gente acaba lançando novos produtos, criando algumas promoções", afirmou.

O presidente da Acip explicou como está a configuração atual do setor no Estado. "No Ceará, existem aproximadamente duas mil indústrias nesse segmento. Por empresa, são cerca de 15 empregados. Podemos dizer, então, que a panificação gera aproximadamente 30 mil empregos diretos e outros 60 mil empregos indiretamente. Reinventando-se, o setor busca novas estratégias para avançar e se fortalecer", disse.

Manutenção

Brandão enfatiza o fato de praticamente não haver demissões no setor. "Temos sustentado para não demitir. A panificação, com certeza, é um dos setores da indústria que menos demitiu no ano, tem mantido pessoal. Não admitiu, mas tem sustentado. Temos formado profissionais e não vamos abrir mão. E isso tem sido algo positivo em comparação com outros segmentos", opinou.

"(O setor) tem substituição, rodízio, mas demissão, não. A não ser em algum caso específico, como fechamento de empresa, por exemplo. No geral, a gente tem conseguido manter o numero de empregos na panificação", pontuou Martins.

Tendências

De acordo com Brandão, há um movimento muito forte de melhoria das unidades panificadoras que não estão na Capital. "O Interior do Ceará tem se destacado nesse segmento de maneira admirável. Em qualquer cidade hoje, você tem padarias padrão Capital. Quem vem de outro Estado fica admirado com o nível das padarias que temos. O pessoal é muito dedicado e muito ativo", disse.

Dentre as tendências, citou ainda as mudanças na maneira de fabricar os produtos e na matéria-prima utilizada. "Tem sido uma tendência muito forte produzir um pão mais artesanal, natural, rústico, estilo europeu, com fermentação natural, com maior tempo de processamento. Isso tem ajudado bastante o setor e motivado o empresário, de um modo geral, pois tem se buscado inovação neste sentido", destacou Brandão.

Conforme o presidente da Acip, para apresentar os desafios do setor, oportunidades e o potencial de crescimento, Fortaleza receberá de 29 a 31 de agosto, no Centro de Eventos do Ceará, a Cearapão 2017.

"O evento contará com lançamentos de produtos, inovações tecnológicas e tendências de mercado. A Cearapão é um momento que abrange toda a cadeia produtiva da indústria alimentícia, desde maquinários, insumos até serviços que agregam valor e otimizam a produção", afirma Carlos Brandão. A Feira alcança empreendedores com diferentes perfis, desde iniciantes a empresas consolidadas que buscam informações, parcerias, novas ideias para incrementar os negócios, além de fornecedores e compradores", conclui o presidente da Acip.

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