Remédio mais amargo acelera saída da crise

Escrito por Redação ,
Legenda: Para o economista Célio Fernando, é preciso buscar condições de equilíbrio entre a receita e os gastos do País para reduzir a oscilação do câmbio
Foto: FOTO: TUNO VIEIRA

Buscar condições de equilíbrio entre a receita e os gastos do País é a saída para reduzir a oscilação do câmbio e recuperar a confiança perante o mercado financeiro. De acordo com o economista Célio Fernando, não tem outra receita para superar a atual conjuntura econômica pela qual passa o Brasil. Para ele, "quanto mais amargo for o remédio agora, mais rápido a gente sai da crise", afirma.

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Segundo Célio Fernando, embora o sistema político do País não ajude, é preciso liderança e governabilidade do executivo para fazer o dever de casa, cortando gastos e reorganizando o orçamento de acordo com suas reais condições.

"O estado precisa dar prioridade ao orçamento existente. O mercado financeiro tem a seguinte racionalidade: se gasta mais do que arrecada, então merece menos confiança, o que cria um certo desconforto. Essa é uma questão puramente doméstica", argumenta.

Conforme o economista, o Brasil perdeu a confiança do mercado ao apresentar projeções negativas para a economia brasileira no próximo ano, sem apontar soluções. "O país fez uma projeção para 2016 que vai gastar mais do que arrecadar, aumentando a dívida brasileira. Ou seja, mostrou para o mundo que não tinha condições de reverter esse cenário. Como um executivo torna público um problema sem apontar soluções? Essa foi a primeira grande perda do Brasil. É preciso apontar que vai melhorar, que se tem soluções. Mas o Brasil vem gastando mais do que arrecada e isso gera perda de confiança. Mostra a instabilidade do País".

Reflexo

A disparada do dólar para ele, é reflexo dessa desconfiança. "Temos US$ 370 bilhões de reservas e uma dívida externa de US$ 340 bilhões. Então temos uma diferença de US$ 30 bilhões. Mas com o país endividado, a moeda começa a ter problema", diz. É que ao se sentirem inseguras, as pessoas acabam buscando mais o dólar. E quanto mais demandado é o dólar, mais ele encarece. E o dólar subindo, sobe a inflação. O governo acaba subindo a taxa de juros para que as pessoas consumam menos.

Conjuntura externa

Associado aos problemas internos, o economista lembra que na conjuntura externa, existe um cenário de redução do crescimento da China, gerando retração da demanda mundial. Com isso, há menos produtos e menos consumidores. É por isso que na Europa, os jovens já estão pressionando o mercado em busca de emprego.

"A China tem 600 milhões de miseráveis, mas na Europa rica ver jovens pobres é preocupante. Enquanto isso os EUA estão bem, mas a inflação também tende a crescer porque as pessoas com um maior poder aquisitivo tendem a consumir mais. Então para frear a demanda, o governo pode aumentar a taxa de juros para conter a inflação. E quando a taxa de juros subir, o Brasil vai ficar numa situação ainda mais difícil", alerta.

Equilíbrio

Apesar do contexto, o economista garante que "o Brasil ainda pode tomar consciência e buscar um equilíbrio nas contas". Mas o economista avisa: "temos que ter governabilidade".

Ele demonstra preocupação também com as notícias sobre crimes de corrupção no País. Segundo ele, embora sempre tenha havido corrupção no País, o fato dela agora está "aberta" gera mais desconfiança perante o mercado externo.

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