PIB do CE tem a 2ª maior queda entre 7 estados

Dentre os fatores que explicam a queda, está a alta base de comparação em relação a igual período de 2014

Escrito por Murilo Viana - Repórter ,

Puxado por forte retração no setor de serviços e pela atual crise nacional, o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará atingiu queda de 5,54% no terceiro trimestre deste ano, no comparativo com igual período de 2014. A estimativa foi divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

Essa foi a segunda maior retração dentre os sete estados brasileiros que já tiveram seus indicadores divulgados. O recuo na economia cearense só não foi maior que o constatado em Pernambuco (-5,6%) e foi mais acentuado que a média nacional (-4,5%). Todas as sete unidades federativas tiveram queda no PIB. A menor das retrações ocorreu na Bahia (-1,90%)

O recuo no terceiro trimestre da soma de todos os bens e serviços produzidos em território cearense também superou o resultado segundo trimestre (-5,32%) deste ano, comparado ao igual período do ano anterior. Dessa forma, o indicador divulgado ontem representa a maior queda desde o início da série história do PIB trimestral, divulgada pelo Ipece desde o ano de 2003.

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Base de comparação

Dentre os fatores que explicam a acentuada queda da economia cearense no terceiro trimestre, o diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba, ressalta a alta base de comparação. Ou seja, o fato de o PIB ter crescido 5,61% no terceiro trimestre de 2014 impactou na queda acentuada para o período de julho a setembro de 2015.

"Seria muito difícil compararmos esse PIB com o crescimento do ano passado e obter um crescimento muito positivo agora, pois a Copa do Mundo (que aconteceu entre os meses de junho e julho do ano passado) trouxe dinâmica ao setor de serviços, em hoteis e restaurantes", salienta.

O atual momento de recessão econômica nacional e o desempenho ruim do setor de serviços no Ceará (-4,29%) também impactaram fortemente no resultado negativo do PIB do Estado.

O segmento econômico representa cerca de 74% da economia cearense e, historicamente, vinha segurando o crescimento do PIB no Ceará até o primeiro trimestre deste ano.

Naquele período, mesmo diante da crise, o indicador cearense registrou alta de 1,05%, frente a igual período de 2014. Entretanto, o segmento não conseguir escapar dos impactos da recessão econômica.

"É um setor que tem grande importância econômica para o Ceará. A crise acabou incidindo mais forte sobre ele, principalmente por conta do juros altos, inflação, alta inadimplência e desemprego", salienta Ataliba.

No setor de serviços, tiveram recuo as atividades do comércio (-3,18%), transportes (-6,82%), intermediação financeira (-8,28%) e da administração pública (-2,97%).

Indústria e agropecuária

Já a indústria, segundo setor com o maior peso com a economia cearense, registrou queda de 5,99% no terceiro semestre em comparação com igual período do ano passado.

Tiveram quedas nesse segmento econômico as atividades de transformação (-11,94%) e extrativa mineral (-4,98%). A construção civil teve resultado praticamente nulo (0,18%).

A agropecuária foi impactada sobretudo pela seca, presenciada pelo quarto ano consecutivo no Estado, e registrou maior queda (-27,75%) do que a indústria e os serviços, embora seja o setor que tem menor peso na composição do PIB do Ceará.

Previsão para este ano

Diante do resultado negativo do PIB registrado no terceiro trimestre deste ano, o diretor geral do Ipece diz que há possibilidade de a economia cearense fechar o ano de 2015 em queda, a depender do PIB no último trimestre deste ano, a ser divulgado.

"No acumulado do ano, a gente está com queda de 3,27%. A questão agora é apostarmos no quarto trimestre. Os indicadores ligados ao comércio não foram tão ruins. Talvez quando nós compararmos o próximo trimestre com o do ano passado, nós fiquemos um pouco abaixo", avalia Flávio Ataliba.

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