Sob impacto da Copa, PIB do Brasil cai 0,6% no segundo trimestre

Em relação ao segundo trimestre de 2013, a economia do país encolheu 0,9%. Dados foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (29)

Escrito por Folhapress ,

Sob impacto negativo da Copa, de freada do consumo das famílias e forte retração dos investimentos, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano.

Em relação ao segundo trimestre de 2013, a economia do país encolheu 0,9%. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (29). A média das projeções de bancos e consultorias apontava para uma queda de 0,4% frente ao primeiro trimestre e de 0,5% na comparação com o mesmo período de 2013, segundo pesquisa da Bloomberg.

Para Silvia Matos, economista da FGV, a retração do PIB já era esperada. O efeito da Copa do Mundo, segundo ela, foi mais sentido em junho, no início da competição. Isso porque houve um acumulo maior de feriados excepcionais nas cidades-sede e dias de dispensa antecipada de trabalhadores.

Com menos pessoas a produzir, a economia encolheu. "Uma estagnação ou uma pequena queda já era esperada, mas a Copa ajudou o resultado a ser um pouco pior." Desde o fim de 2013, o PIB está estagnado, passado o boom do crédito e sob efeito de juros e inadimplência maiores. Endividadas, as famílias já não têm o mesmo ímpeto para gastar.

PIB

A inflação maior neste ano (e concentrada em alimentos) também corroeu seus rendimentos, o que freou o consumo de bens de menor essencialidade. Os investimentos, por seu turno, sofrem com a menor confiança de empresários, também com mais juros mais elevados e bancos menos dispostos a emprestar diante das incertezas da economia do país.

Indústria sente baixo consumo 

Sob o prisma da produção, a indústria sente os reflexos do menor consumo (especialmente de bens de maior valor, como veículos) e a competição cada vez maior com produtos vindos do exterior.

Até mesmo os serviços, que sustentavam o PIB, já mostraram contração na esteira da crise da indústria (que contrata serviços de transporte, consultorias, empresas de terceirização e outros) e do consumo dos lares do país.

Outro fator que inibe o consumo é o esfriamento do mercado de trabalho, segundo Ramos. É que o rendimento cresce menos e com a fraca geração de postos de trabalho –nas maiores regiões metropolitanas do país, o cenário é pior: há queda no número de trabalhadores ocupados.

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