Lucro líquido da Coelce atinge R$ 313,2 milhões

O desempenho representa um aumento de 253% em relação ao valor anotado de janeiro a setembro de 2014

Escrito por Carlos Eugênio - Repórter ,
Legenda: Em setembro de 2015, a agência classificadora de risco Standard & Poor's reposicionou o rating da Coelce para brAA+ na Escala Nacional Brasil, com perspectiva negativa, em função do rebaixamento do risco soberano do País
Foto: FOTO: MIGUEL PORTELA

Se para vários ramos da economia o ano tem sido de crise, de retração nos negócios, de perda de receitas e de choque no orçamento, para o setor de energia elétrica 2015 tem sido de bons resultados e lucros. Nos primeiros nove meses deste ano, a Companhia Energética do Ceará (Coelce) registrou lucratividade líquida de R$ 313,27 milhões, montante 253,44% maior do que os R$ 88,63 milhões de lucro anotados em igual período de 2014.

Após computar lucro de R$ 132 milhões no primeiro trimestre (1T15), de R$ 88,9 milhões, no segundo trimestre (2T15), a Coelce registra agora, de julho até setembro (3T15), lucro líquido de R$ 92,351 milhões, revertendo por completo os prejuízos de R$ 2,817 milhões anotados em igual período de 2014 (3T14). Essa lucratividade no 3T15, refletiu uma margem líquida de 10,06%.

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Isso em um cenário de retração da economia e de redução no volume de energia vendida e transportada pela companhia, no Estado. No terceiro trimestre deste ano, a Coelce comercializou no mercado cativo 2.808 GWh, volume 1,2% menor do que os 2.843 GWh comercializados nos meses de julho a setembro do ano passado.

Baixa renda migra

Os números constam no balanço financeiro do terceiro trimestre (3T15) e nos resultados dos nove primeiros meses de 2015 (9M15), divulgados ontem pela Coelce, que encerrou setembro último com um total de 3.721.471 consumidores, número 3,8% superior aos 3.585.994 usuários registrados no mesmo período do ano anterior.

O relatório revela uma queda de 0,9%, de 6.008 para 5.954 no número de clientes industriais da Companhia, quando comparado o fechamento de setembro de 2015 com o de 2014, o que reflete a atual situação porque passa o setor industrial cearense. Já na área rural, a Coelce registrou incremento de 12%, passando de 473.748 no 9M14, para 530.696 consumidores; de 3% no segmento público e de apenas 0,5% de crescimento no setor comercial no Ceará, que fechou setembro último com 176.580 usuários cadastrados na companhia.

Forte alteração, no entanto, foi registrada nos segmentos residencial convencional e residencial de baixa renda.

Enquanto este segmento recuou de 1,223 milhão para 761.919 usuários, com queda de 37,7%, nos primeiros nove meses deste ano, ante igual período de 2014, a faixa residencial convencional cresceu na mesma proporção, 36,5%, subindo de 1,344 milhão para 1,835 milhão de consumidores, o que denota a migração de usuários de classes mais baixas para outra categoria, com tarifas maiores.

De acordo com relatório de resultados divulgado pela Coelce, essa migração é reflexo "do não atendimento a certas exigências por parte destes consumidores (de baixa renda) e seu consequente desenquadramento. (em termos contábeis, isso significa que houve uma "reclassificação" da rubrica Subsidio Baixa Renda para Fornecimento de Energia Elétrica)".

Receita operacional

A receita operacional bruta da Coelce apresentou um incremento de 50,6%% no 3T15, em relação ao 3T14 (+R$ 545 milhões). Conforme o relatório da empresa, esse incremento é resultado do aumento de 35,6% (R$ 1.343 milhões versus R$ 990 milhões) na receita pelo fornecimento de energia elétrica do mercado cativo (+R$ 353 milhões), decorrentes de sucessivos reajustes nas tarifas de energia elétrica, autorizados pela Aneel, neste ano.

Com a Revisão Tarifária Extraordinária aplicada a partir de 01 de março de 2015, as tarifas da Coelce aumentaram 10,3%, em média; e no mês seguinte, em 22 de abril, subiram mais 11,69%, em média, por conta do efeito do Reajuste Tarifário anual. A entrada em vigor do sistema de bandeiras tarifárias, que durante todo o 3T15 manteve a bandeira vermelha, também contribuiu para gerar um impacto médio sobre as tarifas no 3T15, de aproximadamente 9%, apenando ainda mais os consumidores, mas aquecendo os lucros da companhia.

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