IBGE estima queda de 24,3% na safra do Ceará
A retração diz respeito à previsão de abril. Na comparação com a expectativa do início do ano, o recuo é de 33%
A produção de grãos no Ceará deve atingir 709.068 toneladas (t) neste ano, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de maio, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma queda de 24,37% na comparação com a estimativa do mês anterior (937.577 t) e de 33,25% em relação à primeira expectativa do ano (1.062.216 t). Conforme o estudo, com a maior probabilidade de que este seja mais um ano com chuvas abaixo da média histórica, a projeção deverá ser atualizada até o fim de julho.
Para o vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Paulo Helder, o resultado negativo não surpreende, uma vez que as chuvas nos meses de abril e maio, que ficaram abaixo da média, são determinantes para a safra de grãos no Estado. "Tivemos falta de chuvas exatamente no período de floração e de produção. E como este é o período mais crítico, tivemos essa queda acentuada", comenta.
Conforme o IBGE, caso a safra de grãos deste ano fosse normal, haveria um crescimento de 213,07% (226.487 t) no Estado, na comparação com o ano passado, que também foi de seca. No Brasil, a safra de grãos foi estimada em 195,9 milhões de toneladas para 2016, um recuo de 6,5% em relação à produção de 2015, quando totalizou 209,4 milhões de toneladas. A nova projeção é 4,6% menor da que foi estimada em abril. Se o valor for confirmado, será a maior queda em volume (13,5 milhões de toneladas) da série histórica do IBGE, iniciada em 1975.
Desempenho
Dos 15 produtos analisados no grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas no Ceará, apenas o arroz irrigado apresentou crescimento na projeção para o ano. A alta ocorreu no município de Tabuleiro do Norte, onde os produtores utilizam água de poços e investiram no aumento da área prevista para o produto. Por outro lado, nove produtos registraram alterações negativas: algodão, amendoim, arroz de sequeiro, fava, feijão de arranca, feijão de corda de 1ª safra e de 2ª safra, milho de sequeiro e mamona.
Itens
Dos 56 produtos agrícolas pesquisados no Ceará, que inclui, além dos grãos, frutas, tubérculos e raízes, apenas oito apresentaram aumento da expectativa de produção no mês de maio, enquanto 30 tiveram redução da estimativa ante o mês anterior. Além do arroz, apresentaram crescimento o tomate, melão, melancia de sequeiro, abacaxi irrigado, banana irrigada, castanha de caju e palma forrageira.
E tiveram redução a batata doce, melancia irrigada, abacaxi, mandioca, acerola, banana, goiaba, coco-da-baía, laranja, limão, manga, maracujá, mamão dentre outros. Com relação às frutas, Paulo Helder diz que o impacto da seca, embora relevante, é menor. "Hoje você já vê os preços de algumas frutas caindo, porque mesmo com a chuva abaixo da média é possível manter essas fruteiras, regulando a irrigação", ele diz.