'Hub no Nordeste segue congelado', diz Latam

Para CEO da empresa, o projeto se justificava quando começou a discutir o investimento, em 2014. Hoje, não mais

Escrito por Yohana Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Jerome Cadier afirmou que, enquanto o projeto do centro de conexões de voos continua paralisado, o que a Latam poderá fazer é incrementar pontualmente a oferta de voos na região, mas apenas 'quando fizer sentido'

Quase três anos depois de anunciar a intenção de criar no Nordeste um centro de conexões de voos domésticos e internacionais (o hub), provocando uma disputa entre os terminais de Fortaleza, Natal e Recife por um investimento de até US$ 1,5 bilhão, a Latam continua com o projeto na geladeira. Ontem, o atual CEO da empresa, Jerome Cadier, minimizou o próprio plano durante apresentação dos resultados do ano.

"Esse hub se justificava quando começou a discussão, em 2014. Depois, a economia esfriou e o que era um business case interessante, mas não espetacular, se tornou negativo. A discussão sobre esse projeto ainda não voltou", disse o CEO, durante encontro com jornalistas. "O (plano de fazer) hub no Nordeste continua congelado. O que podemos fazer é um aumento pontual na oferta na região quando fizer sentido".

Guarulhos e Brasília

Reforçando o posicionamento, a companhia revelou que vai detalhar, em breve, um plano estratégico de ampliação da sua operação doméstica em Guarulhos e Brasília, "que serão definitivamente consolidados como os hubs da Latam no País". Segundo o comunicado à imprensa, a companhia aérea ampliou 17% e em 7%, respectivamente, o seu volume de operações nos aeroportos de Guarulhos e de Brasília neste ano.

Procurada pela reportagem, a companhia reafirmou em nota que "a possível implantação de um hub (centro de conexões de voos) no Nordeste do Brasil segue sem previsão". Além disso, destacou que "entende que um verdadeiro hub demandaria um mercado aquecido e sustentável no longo prazo que justifique a criação de uma base de voos e alocação de frota na região".

Concorrência

Jerome Cadier também aproveitou a oportunidade para cutucar novamente as rivais Gol e Azul, que concentraram suas operações e a de companhias parceiras nos terminais de Fortaleza e de Recife, respectivamente. "A concorrência fala que montou hub, mas é um voo diário, isso não é hub para ninguém. Hub é muito mais complexo, é uma série de voos para diversas cidades", provocou o CEO.

Antes disso, quando os novos voos no Nordeste foram anunciados, o executivo já havia alfinetado as rivais.

"O Nordeste precisa ser mais do que um simples ponto de conexão com empresas parceiras de outros continentes. Com voos diretos próprios, vamos aproximar ainda mais a região de outros destinos no mundo", afirmou, destacando que a medida representava apenas "o início de negociações para outros futuros investimentos na região".

Região

Depois do anúncio da parceria entre Gol Linhas Aéreas, Air France e KLM para implantar um hub no terminal cearense, a Latam já adicionou operações internacionais em Fortaleza, Salvador e Recife, reforçando a presença da companhia nos principais aeroportos do Nordeste.

Na capital cearense, a companhia passará a voar duas vezes por semana para Orlando, na Flórida (EUA), a partir de julho de 2018 e, em maio, haverá uma segunda frequência semanal para Miami saindo da Capital cearense pela Latam. O anúncio foi realizado após rumores de que a Gol lançaria um voo para os Estados Unidos partindo de Fortaleza com aeronaves próprias, ou a partir de uma parceria com a Delta Airlines.

Na avaliação de analistas do setor aéreo, entretanto, a oferta de mais assentos ao continente americano saindo de Fortaleza não inviabilizaria os voos que vêm sendo cogitados desde o anúncio do hub da companhia na capital cearense.

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