Hub da TAM injetaria até R$ 9,9 bi na economia do CE

O relatório com os impactos do empreendimento foi apresentado ontem, em São Paulo

Escrito por Carlos Eugênio - Repórter ,
Legenda: A presidente da TAM, Claudia Sender, recebeu ontem a comitiva do Ceará, formada pelo governador Camilo Santana e outros líderes políticos do Estado

Incremento de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) de Fortaleza, geração de 35 mil empregos diretos e indiretos e injeção de até R$ 9,9 bilhões na economia, sendo R$ 2 bilhões da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), nos próximos cinco anos, a partir de 2018. Esses são alguns dos impactos positivos para o Estado, no caso de Fortaleza sediar o hub (centro de conexões de voo) da Latam (fusão entre a chilena LAN e a brasileira TAM) no Nordeste. Os dados estão presentes no relatório técnico e econômico apresentado na manhã de ontem pela Consultoria Oxford Economics, empresa contratada pela companhia especialmente para auxiliar na escolha de uma das três cidades.

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Os números foram expostos para o governador Camilo Santana e senadores, em reunião realizada com a presidente da TAM, Claudia Sender, e diretores da empresa, em São Paulo. "No dia 26 de outubro sairá o estudo de viabilidade técnica, econômica e financeira. Estou muito otimista", declarou Camilo, segundo quem o governo cearense não medirá esforços para atrair o equipamento, ainda em disputa pelos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte.

E o esforço tem uma justificativa comprovada agora em números. Enquanto o percentual de crescimento do PIB de Fortaleza, na média dos primeiros cinco anos será de 6%, o de Recife será de 4,9% e o de Natal, 7,2%. Já em termos de geração de novos empregos, os efeitos serão de 1,9% na capital cearense, 1,8% em Recife e 3,6% em Natal.

Os estudos econômicos da Oxford apuraram que mais de um terço do impacto econômico na economia de Fortaleza (39%) virá dos setores de transporte e armazenagem, outros 17%, do setor de atacado e varejo, e 12%, dos setores de hotel e alimentação. Já sobre o impacto em empregos, 29% virão nos setores de transporte e armazenagem, 29% de atacado e varejo, e 12% de hotéis e alimentação.

Isso significa que os impactos diretos e indiretos do hub na cidade gerariam, respectivamente, valores agregados de US$ 105 milhões e 1,6 mil empregos e de US$ 106 milhões e 9,4 mil empregos.

"A avaliação do impacto econômico para a implementação do hub no Nordeste demonstra que estamos no caminho certo, em acreditar no potencial de desenvolvimento do Nordeste do Brasil. Os números apresentados são bastante promissores e reforçam nossa confiança no projeto", afirmou Cláudia Sender.

Competitividade

Presente à reunião, o senador Eunício Oliveira disse que também saiu do encontro bastante otimista, tendo em vista revelações feitas por diretores da TAM. Conforme disse, a TAM explicou que, em um primeiro momento, a pista auxiliar atual do Pinto Martins poderia ser perfeitamente utilizada, bastando ser reformada e melhor iluminada. "A exigência de construção de uma segunda pista (de pouso e decolagem) iria exigir a elaboração de novos estudos por parte da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o que iria atrasar a elaboração do edital e o início das obras de reforma do Pinto Martins", explicou o senador.

Eunício também falou que a TAM prefere trabalhar com uma empresa privada, o que põe o Ceará, de novo, na frente da disputa com Recife, já que o Aeroporto de Fortaleza está incluído no regime de concessões, ao preço de R$ 1,8 bilhão. "O Ceará sai na frente, porque a concessão do aeroporto de Recife só vai sair daqui uns dois anos, e a TAM tem pressa", declarou.

Outros pontos apontados pela companhia aérea a favor de Fortaleza foram a construção do Acquário do Ceará e o Centro de Eventos, equipamentos que, na avaliação da TAM, são fortes atrativos de turistas.

O senador destacou, ainda, o apoio que a Secretaria de Aviação Civil (SAC) estaria dando no processo de elaboração do Edital, do qual participará, inclusive, a TAM. Disse também que, como forma de evitar novos atrasos no reinício das obras de reforma do Pinto Martins, a área da Base Aérea de Fortaleza que foi cedida para o Estado do Ceará não será incorporada agora. "A chave do aeroporto será entregue (para a empresa vencedora da concessão) entre março e junho próximo ano", sinalizou.

Eunício disse que a presidente da TAM, Claudia Sender, nada pediu ao Governo do Estado, mas revelou que teria sinalizado a possibilidade de a empresa gozar de financiamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para o hub. "Nessa hora, o Mauro Filho (secretário da Fazenda) brincou e disse: Eunício, isso é contigo", comentou. Conforme o senador, o presidente do BNB, Marcos Holanda, é cearense e será sensível à demanda.

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