Governo paga R$ 30 mi a construtoras do Ceará
O valor, contudo, não cobre a dívida total que, segundo o setor local, é de R$ 160 milhões
O Governo Federal pagou apenas R$ 30 milhões da dívida de R$ 160 milhões com as construtoras do Ceará relativas ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), segundo informação de André Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE). O combinado era que todos os atrasados seriam quitados ainda no mês de agosto. A justificativa para a quitação não efetuada é que o dinheiro vem do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e as contas do Orçamento ainda estão em aprovação. Como consequência, o pagamento ainda não pode ser efetuado.
>Sinduscon certifica 260 obras no Estado
Mesmo com essas dificuldades na questão financeira, o programa é elogiado por Montenegro pela "blindagem anticorrupção" e amplitude de alcance. Ele destaca que 42% do que é subsidiado pelo Governo Federal dentro do programa retorna na forma de imposto, segundo estudos. "É um programa muito grande e muito rápido em relação a aprovação", ressalta.
Empregos
Mas com os atrasos de pagamento, somente no Ceará, o programa deixa de empregar, segundo o empresário, 32 mil trabalhadores. Apenas oito mil estão ativos atualmente. De acordo com o presidente do Sinduscon-CE, os contratos no Estado prevêem a construção de 40 mil unidades, sendo que estima-se a geração de um emprego para cada unidade erguida. Ainda assim, o lançamento da terceira etapa do MCMV está mantido para o dia 10 de setembro. Hoje, no Ceará, em torno de 30 construtoras participam do Minha Casa, sendo 20 associadas ao Sinduscon-CE.
Carga pesada
A elevação de impostos no âmbito nacional acaba restringindo as atividades econômicas dos setores, e Montenegro quer propor, junto à Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), um movimento para que não se dê apoio a políticos que aumentam impostos.
Mercado local
Para o vice-presidente de relações internacionais do Sinduscon-CE, Patriolino Dias, o mercado imobiliário cearense é um ponto fora da curva dentro do cenário nacional. "Fortaleza tem estoque (de imóveis) de um ano e meio apenas", observa, comparando a outras cidades que possuem um volume bem maior. Para o empresário, os valores de imóveis na Capital cearense vão se autorregular, assim como o estoque, de acordo com a lei de mercado.
O vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-CE, José Carlos Braide da Gama, avalia que o Índice de Velocidade das Vendas (IVV) é satisfatório e está entre 3% e 4%. Hoje, avalia, quem compra é realmente quem vai morar ou quer um investimento para complementar a aposentadoria. Diminuiu as vendas para que tinha interesse apenas no repasse.
No ponto de vista de Gama Filho, diretor de planejamento da entidade, chamam a atenção no setor empreendimentos que apostam em tecnologia e inovações. Isso se aplica a construtoras com projetos sustentáveis, áreas de lazer diferenciadas, atendimentos personalizados e até mesmo entrega de imóvel mobiliado.
Para André Montenegro, as empresas que não investirem em tecnologia nos lançamentos vão perder em competitividade. "É preciso investir nas mudanças e quebrar paradigmas. Cada prédio é diferente do outro", diz.