Estado é o terceiro em produção de leite no Nordeste

Desenvolvimento vem se dando também na qualidade do leite devido à alta tecnologia aplicada por produtores

Escrito por Redação ,
Legenda: De acordo com o indicado pela Câmara Setorial do Leite, a produção cearense é a mais 'tecnificada' de toda a região Nordeste e, em volume produzido, só perde para Bahia e Pernambuco
Foto: Foto: Alex Pimentel

A expressão "tirar leite de pedra" não é apenas uma figura de linguagem no Ceará. O termo pode ser aplicado literalmente quando o assunto é a produção leiteira do Estado. Com mais de 90% de seu território encravado no semiárido, que se caracteriza pela distribuição irregular das chuvas, e enfrentando três anos consecutivos de seca, o Estado vive um cenário antagônico de superprodução da atividade leiteira.

De acordo com Álvaro Carneiro Júnior, presidente da Câmara Setorial do Leite - órgão vinculado à Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), nos últimos três anos a produção de leite do Ceará deu um salto qualitativo e quantitativo, crescendo em torno de 35%. "Hoje a nossa pecuária leiteira é a mais 'tecnificada' do Nordeste. Somos o terceiro maior produtor da Região, atrás apenas de Bahia e Pernambuco. Aqui há empresas (indústrias de beneficiamento) com produção alta e tecnologia de ponta. E há mais empresas entrando no mercado", informa.

Outro indutor de desenvolvimento do setor foi a criação, em 2013, do projeto Leite Ceará, voltado aos pequenos produtores, para dar acesso à tecnologia e assistência técnica a estes pecuaristas. "Essa é uma iniciativa importante porque para o grande (empresário) todo mundo quer vender, mas para o pequeno não é fácil. Mas hoje com esse projeto, os pequenos tem um custo barato para investir em tecnologia. Todos participam com uma parte", complementa.

Mais indústrias no CE

O presidente da Câmara do Leite informa ainda que a meta dos produtores cearenses de leite é trazer mais indústrias de grande porte ao Estado para comprarem o leite produzido aqui, solucionando o impasse da superprodução de leite em contraponto a pouca demanda.

"O Ceará é muito forte na produção de queijo coalho. Então, grande parte do nosso leite vai para queijarias. Hoje fornecemos para a Lacticínios Betânia, a Cooperativa de Maranguape, a Coocentral, a Danone e para mais uns 20 lacticínio pequenos. Mas ainda é pouco", reconhece.

Em 2015, os produtores ganham uma nova indústria no Estado para fornecerem sua produção de leite. Uma fábrica de leite em pó será instalada na sede de uma das três maiores bacias leiteiras do Estado - Iguatu, Morada Nova ou Quixeramobim.

A decisão foi tomada durante reunião da Câmara Setorial do Leite realizada em 17 de novembro último. A elaboração do projeto industrial será coordenada pela Adece, que definirá onde ele será instalado e será sócia dos empresários no empreendimento, que terá investimento da ordem de R$ 20 milhões. A perspectiva é que a fábrica chegue a produzir 400 mil litros de leite em pó por dia.

Beneficiamento

Nas indústrias de beneficiamento do leite já em operação no Ceará, o cenário também é promissor. Segundo Henrique Girão, presidente do Sindicato dos Lacticínios do Ceará (Sindlaticínios) - entidade filiada à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) -, a captação de leite nas indústrias do Ceará cresceu aproximadamente 60% entre 2013 e 2014.

"Apesar de ter ocorrido 25% de queda em 2013 em relação à 2012 no que se refere a captação das indústrias cifadas (com inspeção federal) no Estado, em 2014, comparativamente a 2013, ampliamos a captação em quase 60%. Ou seja, de 2013 a 2014 experimentamos um crescimento entre 55% e 60%.

As indústrias (de beneficiamento do leite) existentes no Estado estão operando com capacidade máxima. A maioria está realizando investimentos e ampliando seus parques industriais", resume. (AC)

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