Engenharia financeira de refinaria é desenhada

Continuam as negociações para a implantação de uma refinaria de petróleo no Ceará com a parceria de empresas da China e do Irã. De acordo com Antônio Bahlmann, secretário especial de Assuntos Internacionais do Estado, o projeto segue em fase de "engenharia financeira", com a definição de fontes que irão financiar o equipamento, estágio em que o governo chinês deverá exercer grande influência.

Isso porque, segundo Bahlmann, o Exim Bank chinês deverá deslocar o recurso necessário para a construção a um banco chinês no Brasil - inclusive, o Estado sugere o China Construction Bank (CCB), que tem agência no Ceará. Antes disso, é necessário que o projeto seja aprovado pelo National Development and Reform Commission (NDRC), instituição do governo chinês que avalia todos os projetos do acordo Brasil-China.

Camilo na China

Mais detalhes devem ser definidos com a visita do governador Camilo Santana a China, no final de agosto. O governador participará de atividade do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics), além de conferir o andamento do projeto da refinaria. Um dos pontos a serem tratados diz respeito ao valor específico que deve ser tomado no chamado Banco dos Brics, instituição recentemente oficializada.

O fundo de investimento proveniente do acordo comercial Brasil-China, com aporte de US$ 20 bilhões para fomentar obras de infraestrutura de interesse mútuo para os dois países, é uma das fontes de financiamento do projeto da refinaria no Ceará que, segundo Bahlmann, também poderá receber aportes de outros fundos de investimento.

"(O projeto) poderá ter várias fontes, ainda não definidas. Vai ter uma influência grande do governo chinês, porque os bancos são estatais", explicou o secretário. "O governo chinês está analisando o projeto e tem uma estrutura já montada, agora é hora da engenharia financeira".

Expectativa

Se tudo ocorrer como previsto, o novo equipamento deverá começar a ser construido no início do ano que vem. O projeto técnico ambiental para a implantação da refinaria de petróleo no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) já foi iniciado pelo grupo técnico formado pela empresa petroleira chinesa Guandong Zherong Energy, a partir de dados enviados pelo governo.

A companhia será responsável pela construção e operação da refinaria, devendo investir cerca de US$ 5 bilhões captados do fundo Brasil-China. Após a construção, que prevê o refino de 300 mil barris de petróleo por dia, a National Iranian Oil Companhy (Nioc), empresa de petróleo do Irã, será responsável por fornecer o produto para refino. Após o início das obras, a expectativa é de que a conclusão se dê em cerca de três anos.