Endividamento na Capital é o maior desde 2013

A proporção de pessoas com dívidas atrasadas, por outro lado, caiu 2,3 pontos percentuais, ficando em 15%

Escrito por Redação ,

A maioria dos consumidores fortalezenses possui algum tipo de dívida. É o que aponta a Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza, divulgada nesta quinta-feira (26) pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE). Em fevereiro, 67,7% dos consumidores da Capital cearense estão endividados. A taxa é a mais alta desde outubro de 2013 e mostra aumento de 1,0 ponto percentual no índice geral de endividamento, em relação ao mês imediatamente anterior.

Para o economista Alex Araújo, a tendência dominante é de queda do endividamento, mas a trajetória pode ser alterada pelas condições do crédito ou pelas dificuldades dos consumidores em saldar suas dívidas. "A reduzida disposição a consumir deverá colaborar para a queda do índice geral de endividamento, mas ainda não podemos medir os efeitos das medidas do Governo que encarecem o crédito. Além disso, temos que levar em conta o fluxo de renda das famílias, que pode ser afetado caso haja aumento do desemprego", opina.

Os itens mais consumidos, mostra a pesquisa, foram eletroeletrônicos (43,7%), alimentação (41,6%), vestuário (41,1%) e despesas com educação e saúde (26,4%).

Dívidas em atraso

A proporção dos consumidores com contas ou dívidas atrasadas apresentou queda de 2,3 pontos percentuais, indo para 15,0% neste mês, sendo a maioria formada por mulheres (15,7%), com idade superior a 35 anos (17,0%) e com renda familiar inferior a cinco salários mínimos (16,3%). "As preocupações do consumidor com o ambiente econômico aumentaram no final do ano passado e, desde essa época, o consumidor reduziu suas compras e tem priorizado o pagamento das dívidas. Com mais renda disponível, já que não consome, está sendo mais fácil manter as contas em dia", explica.

Em relação às mulheres com a maioria das contas em atraso, Alex acredita que o índice reflete a estrutura desigual do mercado de trabalho. "Com as mulheres recebendo salários inferiores aos dos homens, ou seja, ela possui menor capacidade de pagamento porque ganha menos. Além disso, a mulher possui mais responsabilidade sobre as compras da família", diz.

Já o tempo médio de atraso é de 67 dias e o desequilíbrio financeiro é citado por 60,6% dos consumidores como a principal justificativa para o atraso de contas. O segundo motivo mais relatado é o adiamento da conta para utilizar o dinheiro em outras finalidades (30,5%).

Comprometimento da renda

Os instrumentos de crédito mais utilizados são cartões de crédito (79,0%), financiamento bancário para veículos, imóveis etc. (14,2%), carnês e crediários (7,5%) e empréstimos pessoais (7,2%). Com prazo médio de sete meses, o valor médio da dívida dos consumidores fortalezenses chega a R$ 1.254, comprometendo 27,8% da renda familiar.

"O ideal é que esse percentual fosse abaixo de 25%, deixando margem na renda familiar mensal para os gastos essenciais, novas compras e uma pequena reserva como poupança. De toda forma, estando abaixo de 30% mostra que a situação não está crítica, havendo boa capacidade das famílias manterem o endividamento saudável", alerta.

A proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve queda de 0,4 pontos percentuais, passando de 5,9%, em janeiro, para 5,5%, neste mês. Apesar do crescimento da taxa geral de endividamento, a queda na inadimplência potencial indica uma boa qualidade de crédito.

Saúde financeira

O economista recomenda quatro medidas que podem ajudar na saúde financeira da família: elaborar um orçamento com a descrição de todas as despesas e receitas, bem como do cronograma de sua execução; controle rigoroso sobre as despesas, sempre cortando gastos considerados supérfluos; evitar pagar juros, principalmente daqueles instrumentos de crédito muito caros, como o cartão de crédito e o cheque especial; e desenvolver o hábito de poupança, colaborando para os planos de longo prazo da família e fazer face a necessidades eventuais.

Ana Beatriz Sugette
Especial para Economia

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