Emprego no Ceará tem pior resultado em cinco anos

No primeiro mês deste ano, foram fechados 6.580 postos de trabalho formal em todo o Estado

Escrito por Redação ,
Legenda: O fraco desempenho do Estado foi influenciado pelos setores de Comércio e Serviços, que fecharam, juntos, 5.240 vagas
Foto: FOTO: HONÓRIO BARBOSA

Anunciando um cenário cauteloso para os próximos meses na evolução da economia e do mercado de trabalho, os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontam, no Ceará, a redução de 6.580 postos de trabalho em janeiro, o pior resultado para o mês nos últimos cinco anos. Em todo o País, foram fechadas 81.774 mil vagas de empregos celetistas, o que equivale a uma variação negativa de 0,20%, em relação ao estoque de empregos do mês anterior.

No Estado, esse desempenho foi motivado pela queda do emprego no Comércio, cuja redução foi de 3.992 postos de trabalho, e no setor de Serviços, com 1.248 vagas, a menos. A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) foi responsável por 90,2% das vagas eliminadas em janeiro, com 5.939 postos celetistas a menos.

Os setores que registraram aumento nas vagas, no Ceará, foram Serviços Industriais de Utilidade Pública (354) e Administração Pública (149).

De acordo com a série ajustada do Caged, que acrescenta as informações declaradas fora do prazo, no acumulado dos últimos doze meses, foram gerados 44.009 postos de trabalho, número equivalente a um incremento de 3,72%.

Cenário econômico

Além dos fatores sazonais do período, como as demissões dos trabalhadores temporários contratados no fim do ano, as mudanças econômicas e a desaceleração da atividade econômica contribuiram para esse resultado, segundo avalia o coordenador de estudos e análise de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita. "A inflação mais elevada corrói o poder de compra dos trabalhadores e promove o endividamento. Isso diminui o consumo e repercute na geração de postos de trabalho", relaciona.

Mesquita destaca, ainda, alguns elementos subjetivos que pesam na construção desse cenário, como o medo dos empresários em aumentar os investimentos, o de não conseguirem vender o suficiente e até discussões que têm sido retomadas, como as que envolvem os direitos dos trabalhadores.

Um dos caminhos para amenizar o pessimismo no mercado de trabalho, segundo o especialista, é a diminuição da rotatividade da mão de obra. "As pessoas estão entrando e saindo continuamente, isso tem custo para o poder público, com os benefícios trabalhistas, e também para as empresas", argumenta.

Pior desde 2009

Na largada do segundo mandato de Dilma Rousseff, o Brasil fechou 81,8 mil vagas com carteira assinada. Em janeiro de 2014, haviam sido criadas 62,4 mil vagas. O saldo de postos de janeiro é o pior para o mês desde 2009, auge da crise econômica, quando 101,7 mil postos formais foram fechados. No comércio, o saldo de demissões foi de 97,9 mil trabalhadores.

Segundo o ministro Manoel Dias (Trabalho e Emprego), os setores que tradicionalmente demitem nesta época, por questões como o fim do período de férias, foram os que mais contribuíram para a contração. Na construção civil, houve redução de 9.700 postos de trabalho, ante dezembro. A área de serviços demitiu 7.100 trabalhadores. Houve perdas, principalmente, no setor de transportes, alimentação (bares, hotéis e restaurantes) e no de hospedagem.

O resultado de janeiro veio pior do que esperava o governo e o mercado, que projetava saldo negativo em torno de 20 mil vagas, em média, segundo a agência Bloomberg.

Entre os oito setores analisados, apenas a indústria de transformação (metalúrgica, siderúrgica e petroquímica, por exemplo) e serviços industriais de utilidade pública, como geração e distribuição de energia, construção de ferrovias e portos, apresentaram criação de novas vagas. A indústria de transformação gerou 27,4 mil empregos.

Jéssica Colaço
Repórter

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