Custo da cesta básica cai, mas acumula 8,85%
Apesar da deflação em setembro, a cesta básica da Capital ainda é a mais cara do Nordeste, custando R$ 305,20
Pelo terceiro mês consecutivo, o valor da cesta básica de Fortaleza apresentou deflação, em setembro, registrando uma queda de 3,88%. Apesar da baixa, os cearenses ainda precisam ficar atentos com os preços dos alimentos básicos, porque o conjunto de insumos ainda acumula alta de 8,85% em 2015. Na comparação anual, isto é, entre setembro de 2015 e igual período do ano passado, o aumento é ainda maior, de 10,03%.
A Capital cearense apresentou a segunda maior deflação registrada na variação mensal no País, atrás apenas Belém, que sofreu queda de 4,56%.
Em setembro, o conjunto de bens alimentícios básicos teve seu valor reduzido em 13 das 18 cidades analisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Mais cara
A economista do Dieese, Elizama Paiva, explica que, mesmo com a sequência de quedas, a cesta básica de Fortaleza ainda é a mais cara do Nordeste, custando R$ 305,20.
"O resultado não é satisfatório, mas é esperado. Essa queda poderia ter sido mais acentuada, se não fosse o aumento do dólar", afirma.
De acordo com a economista, alguns alimentos, como a carne, o pão e o açúcar, tiveram altas consideráveis nas variações semestrais e anuais por causa da valorização da moeda norte-americana.
A carne apresentou inflação de 16,85% no ano, enquanto que o pão acumulou alta de 10,53%. Já o valor açúcar teve aumento de 8,72% no semestre.
Tomate
Em setembro, a deflação no preço da cesta básica foi influenciada pela queda de sete itens, com destaque para os preços do tomate, -24,07%, da farinha, -5,49%, e do feijão, -2,61%. Já os produtos que tiveram alta na variação mensal foram a manteiga, com inflação de 3,79% e o arroz, que teve aumento de 1,06%.
De acordo com Elizama, a queda do preço do tomate aconteceu pelo alimento estar na terceira safra, considerada a mais abundante do ano.
"Como o tomate é um alimento perecível, os produtores disponibilizam toda a safra, por isso, a mercadoria acaba tendo maior oferta do que demanda, diminuindo o preço do insumo", observa Elizama.
Para a economista, outro fator que contribuiu para aumentar a produção do tomate foi a adesão dos agricultores pela irrigação por gotejamento, uma irrigação programada, a base de gotas de água. A técnica também é uma forma de os agricultores economizarem o recurso.
Horas trabalhadas
A queda nos preços dos produtos da cesta básica em setembro fez com que um trabalhador, para adquirir os produtos, respeitadas as quantidades definidas para a composição da cesta, tivesse que desembolsar R$ 305,20.
Considerando o valor, e tomando como base o salário mínimo, pode-se dizer que o trabalhador teve que desprender, no mês passado, 85 horas e 12 minutos de sua jornada de trabalho mensal para essa finalidade.
O gasto com alimentação de uma família padrão (2 adultos e 2 crianças) foi de R$ 915,60. De acordo com o levantamento do Dieese, em setembro de 2015, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.240,27, ou 4,11 vezes mais do que o mínimo de R$ 788,00.
Brasil
No País, de acordo com a pesquisa do Dieese, as maiores quedas no valor da Cesta Básica, em setembro, foram apuradas em Belém (-4,56%), Fortaleza (-3,88%), Recife (-3,50%) e Goiânia (-2,96%).
Já as altas foram registradas em Belo Horizonte (0,23%), Curitiba (0,44%), Rio de Janeiro (0,74%), Vitória (0,99%) e Florianópolis (2,77%).
Em setembro, Porto Alegre foi novamente a capital com maior custo da cesta (R$ 385,70), seguida de São Paulo (R$ 383,21), de Florianópolis (R$ 383,10) e do Rio de Janeiro (R$ 362,90).
Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 280,26), Natal (R$ 282,72) e Salvador (R$ 297,07).