Copom mantém taxa de juros em 14,25% ao ano

A decisão de ontem levou em conta que o IPCA de maio subiu 0,78%, acima das expectativas

Escrito por Redação ,
Legenda: Segundo o Banco Central, o nível elevado da inflação em 12 meses contribuiu para que não houvesse espaço para a flexibilização da política monetária

Brasília. A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) com a participação do atual presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, apresentou tudo dentro do script previsto pelo mercado financeiro. Os juros básicos foram mantidos, pela sétima vez consecutiva, em 14,25% ao ano em uma decisão unânime.

O comunicado sobre a decisão foi idêntico ao anterior, de abril. De acordo com o BC, o nível elevado da inflação em 12 meses e as expectativas distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para a flexibilização da política monetária. Ao mesmo tempo, o comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação.

Mais detalhes sobre o que levou os diretores a definirem pela estabilidade serão conhecidos na ata da reunião que a instituição divulgará na quinta-feira da semana que vem. O próximo encontro, marcado para 19 e 20 de julho, já será coordenado pelo economista Ilan Goldfajn, que recebeu na última terça-feira (7) aval do Senado para comandar a instituição.

Câmbio flutuante

Na sabatina feita por parlamentares, o então executivo do setor financeiro defendeu de forma veemente o regime de câmbio flutuante e o ajuste das contas públicas e prometeu entregar a inflação na meta mesmo sem indicar prazos. Nas palavras de Ilan Goldfajn: "O velho e bom tripé macroeconômico". Se levar o IPCA - índice que mede a inflação oficial do País - para perto de 4,50%, conseguirá um feito que o atual presidente não conseguiu entregar em nenhum ano à frente da autarquia.

Mudança

O que se espera a partir de agora é que o Copom mude seu modo de agir. A decisão de ontem, a sétima vez consecutiva em que o patamar dos juros é mantido, já teve de levar em conta que o IPCA de maio subiu 0,78%, acima das expectativas, e que o dólar derreteu, fechando a R$ 3,3689, o menor patamar desde 29 de julho do ano passado.

Fundos x Poupança

As aplicações em renda fixa, como fundos de investimento, ganham da poupança na maioria das situações com a Selic a 14,25% ao ano. O Copom do Banco Central decidiu há pouco manter a Selic inalterada, conforme amplamente esperado pelo mercado. A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) diz que mesmo com e Selic estável, a poupança vai continuar interessantes frente aos fundos de renda fixa.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Já existe espaço para a redução da taxa Selic

Allisson Martins
Economista

Considero que a taxa de juros já tem espaço para cair, pela atual demanda que vem demonstrando fraqueza e também pela questão da inflação em si. Ela está sendo mais usada por uma questão de realinhamento dos preços administrados, como energia elétrica, combustível, água e esgoto. A taxa de juros é uma medida inócua para combater os preços administrados. Na primeira reunião do Copom presidida por Ilan Goldfajn acredito que ele use mais artifícios para combater a inflação. Ele pode adotar é aumentar os compulsórios e mexer nas taxas de redesconto. Utilizando outros instrumentos de política monetária .

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