Ceará traça estratégias para atrair mais turistas chineses

O secretário do Turismo do Estado, Arialdo Pinho, participará, em Brasília, de reunião para debater o assunto

Escrito por Hugo Renan do Nascimento - Repórter ,
Legenda: Os planos do governo estadual contam com o hub da Air France/KLM para que Fortaleza seja a porta de entrada dos turistas asiáticos no Brasil
Foto: FOTO: EDUARDO QUEIROZ

Os chineses podem estar finalmente mais perto do Ceará, em breve. O Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur) estudam, juntamente, com o Governo do Estado, estratégias para atrair turistas da China para o Brasil. "O plano que estamos vendo é para o turista chinês entrar pelo Ceará e sair por São Paulo, passando por Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro. Nós vamos ter uma reunião nas próximas semanas com Embratur, Ministério e secretários de Turismo de todo o País, em Brasília, para apresentar os nossos planos para atrair estes visitantes", diz o secretário do Turismo do Estado, Arialdo Pinho.

A China ficou mais perto do Ceará após a instalação do hub da Air France-KLM e Gol com opções mais rápidas de conexão em Paris e Amsterdã para diversas cidades do país asiático, como Pequim e Xangai. Em média, em pesquisa realizada nos sites das companhias, os viajantes levam entre 23h e 27h entre Fortaleza e Pequim, com cerca de 4h de conexão em uma das duas cidades europeias onde o grupo franco-holandês opera.

Sem o hub das companhias em Fortaleza, os visitantes asiáticos levariam até 45 horas para chegar ao Ceará, com opções de conexão apenas no Rio de Janeiro e São Paulo, além das paradas em Amsterdã ou Paris.

A ideia dos órgãos de turismo é agilizar a viagem e facilitar a chegada dos turistas ao Brasil, tendo Fortaleza como porta de entrada. Dessa forma, os asiáticos podem ser distribuídos para cidades do Norte e Nordeste de forma rápida, contando com conexões para Manaus, Belém, Recife, Salvador, Natal e Recife.

Além da Air France-KLM, a TAP Air Portugal também permite que o passageiro que sai de Fortaleza realize uma conexão em Lisboa e siga com a parceira Beijing Capital Airlines para Pequim. A duração dos trechos chega a mais de 24h contando as horas de voo e parada na capital portuguesa.

De acordo com Pinho, os órgãos de turismo do Brasil estão empenhados em divulgar todo o País aos chineses. "O Brasil é muito grande e os chineses têm diversos interesses aqui, como praias, natureza, negócios", enfatiza.

O gigante mercado da China é um dos pontos fortes para justificar a atração dos turistas asiáticos, uma vez que os turistas chineses são um dos povos que mais viajam pelo mundo.

Presença

Segundo a Embratur, a China subiu quatro posições no ranking internacional de chegadas ao Brasil, quando comparado 2016 e 2017. Mais de 61 mil chineses visitaram o País, número superior ao de visitantes holandeses, venezuelanos, canadenses, equatorianos e panamenhos, mercados com os quais o País possui conectividade aérea direta, por exemplo.

A pesquisa mostra, ainda, que dos 23% que buscam o segmento de Lazer, 65% se interessa por Ecoturismo e Turismo de Aventura, e 15%, por Cultura. Aproximadamente 40% viajam sozinhos e 10% com amigos. Os destinos como Rio de Janeiro, São Paulo, Foz do Iguaçu e Salvador são os mais visitados, tanto a lazer quanto a negócios.

Voos

As operações da Air France-KLM em Fortaleza já são consideradas pelo grupo um sucesso de vendas, com ocupações que vão além das expectativas. Para o titular da Setur, os voos devem se tornar diários entre seis meses e um ano. "Ainda é muito cedo para a gente fazer um balanço, mas eu acho que estes voos diários podem ocorrer em até um ano. O que a gente precisa agora é consolidar essas operações e depois pensar em aumentar as frequências", acrescenta.

De acordo com ele, o radar do governo tem captado oportunidades de voos internacionais para o Ceará à medida que os que já existem são concretizados para dar credibilidade às atuais operações. Em relação à possibilidade de voos diretos para Londres, Pinho afirma que foi procurado pelo cônsul-geral do Reino Unido no Recife, Graham Tidey.

"O cônsul aventou e falou sobre este voo. Nós dissemos a ele o que poderia ser oferecido pelo Estado. Ele levou as nossas condições para a companhia e em 30 dias teríamos um retorno".

O secretário, no entanto, não diz o nome da companhia aérea que poderá operar a rota, por questões sigilosas. "Ainda não podemos falar", arremata.

Marrocos

Sobre o voo da companhia Royal Air Maroc, que ligaria Casablanca a Fortaleza, Pinho diz apenas que o Estado não foi procurado pela empresa e que numa próxima feira de turismo o diálogo entre os dois agentes será reforçado. Em março deste ano, primeiro-ministro marroquino Saadeddine Othmani, durante reunião com o presidente Michel Temer, afirmou que a rota estaria nos "últimos acertos" para entrar em operação.

Nenhum detalhe deste então foi confirmado. Até o fechamento desta edição, a companhia não respondeu os questionamentos da reportagem.

Resorts

O titular da Setur está bastante otimista no que diz respeito à atração de grandes empreendimentos de hotelaria. Porém, Pinho diz que é preciso de leis estaduais e federais que ofereçam garantias jurídicas aos investidores. "Hoje, pela insegurança jurídica, o empreendimento fica parado. Se a gente tivesse uma lei que desse garantia jurídica os investimentos poderiam chegar a R$ 15 bilhões nos próximos quatro anos", afirma o secretário do Turismo.

Segundo ele, existem sinalizações de empresas que querem instalar equipamentos hoteleiros no Estado. "Eu estou atrás mesmo é de resort. Temos sinalizações, mas dependem das leis. Tem muita hotelaria querendo vir para o Ceará", completa.

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