Caixa diz que atraso do MCMV é de R$ 34,7 mi
Representante do banco disse ontem que situação será normalizada até o início do mês de setembro
Principal fonte atual de desavenças entre o governo e a indústria da construção civil, os atrasos nos repasses às construtoras atuantes no Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no Ceará somam R$ 34,7 milhões e serão integralmente quitados até o início de setembro. Foi o que disse o superintendente Nacional da Região Nordeste da Caixa Econômica Federal, Luiz Antonio de Souza.
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O representante do banco esteve ontem em coletiva de imprensa na Superintendência da Caixa, em Fortaleza. Também compareceram o secretário nacional de relações político-sociais da Secretaria-Geral da Presidência da República, Wagner Caetano; o secretário-chefe do Gabinete do Governo do Estado do Ceará, Élcio Batista; e o vice-prefeito de Caucaia, Paulo de Tarso Magalhães Gerra.
Antonio de Souza contestou valores que vêm sendo divulgados por representantes do empresariado do segmento, como o Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE). O presidente da entidade, André Montenegro, havia divulgado no último dia 20 de agosto, em coletiva de imprensa, que o governo devia R$ 160 milhões às empresas que constroem as unidades habitacionais do MCMV no Estado.
"Nós temos alguns empresários colocando um volume de desembolso que não aconteceu, alguns inclusive dando conta de que suspendeu-se o desembolso do Minha Casa, Minha Vida, o que não é realidade. Nós temos um realinhamento, uma repactuação dos desembolsos ao longo desses últimos dias, e a previsão é de isso que já esteja normalizado a partir do mês de setembro", defendeu o representante da Caixa.
O superintendente disse que os números que estão sendo colocados pelos empresários estariam relacionados "com o cronograma previsto desde o início do projeto. É um número que muitas vezes está medido, mas que ainda não seguiu os trâmites naturais de fazer a liberação (do dinheiro para as construtoras), pois o normal é que leve em torno de 30 dias", argumentou.
Questionado sobre o porquê de se terem ocorridos os "realinhamentos" nos pagamentos às empresas, Antonio de Souza disse que eles foram feitos "justamente para conseguir trazer o fluxo ao equilíbrio do próprio caixa de governo em prol da condução das obras para que nenhuma obra seja paralisada".
Normalidade
O representante da Caixa disse ainda que os pagamentos que sofreram realinhamento já estão sendo quitados e afirmou que, após setembro, não haverá mais atrasos. "O que se tem hoje é um compromisso firmado do governo no sentido de garantir que, passado esses momentos que tão agora previstos de normalizar o fluxo, o processo seja feito todo em caráter de normalidade", afirmou.
No País
Antonio de Souza disse ainda que, em todo o País, o valor que o governo precisa quitar com as construtoras corresponde ao montante de R$ 400 milhões, embora o presidente do Sinduscon-CE tenha dito que a dívida gira em torno de R$ 1,6 bilhão. André Montenegro também havia afirmado que, se a situação não se normalizar, as construtoras poderão realizar até 20 mil demissões nas obras. Segundo ele, devido aos atrasos nos repasses do programa Minha Casa, Minha Vida, já foram fechados 5 mil postos de trabalho.
Murilo Viana
Repórter