Após um mês, Uber segue sem regulamentação

Serviço chegou à Capital no fim de abril e virou febre entre usuários. Prefeitura mantém proibição da atividade

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Somente em maio, foram realizadas 2.113 abordagens e 90 apreensões de veículos irregulares de transporte, entre os quais, da Uber

A plataforma de tecnologia Uber completa neste domingo (29) um mês de atividade na Capital cearense. Apesar de ter se tornado mais uma opção de transporte para os habitantes de Fortaleza - que demonstram ter aprovado o serviço -, o aplicativo, que opera no município desde o dia 29 de abril, permanece em conflito com a categoria de taxistas e com a Prefeitura, que considera a atividade irregular e, portanto, passível de multa e apreensão.

Conforme balanço da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), somente no mês de maio, foram realizadas 2.113 abordagens e 90 apreensões de veículos irregulares de transporte, entre os quais, da Uber. Os números levam em conta tanto os táxis clandestinos (conhecidos como "táxi amigo"), quanto os de motoristas ligados à plataforma, uma vez que o órgão não faz distinção entre eles.

Mesmo sem apresentar números, a Uber informou ter verificado que cada vez mais usuários em Fortaleza estão interessados nos serviços dos motoristas parceiros da empresa. "Ao mesmo tempo, vemos também uma grande quantidade de motoristas parceiros interessados em ter uma oportunidade de geração de renda também com um toque de um botão", disse a Uber.

Quanto ao posicionamento da Prefeitura, a Uber afirma manter diálogo com todas as esferas de governo e sociedade civil nas cidades onde opera. Ela reforça que o serviço prestado é diferente de todos os outros tipos de transporte, sendo caracterizado como individual privado, com respaldo na Constituição Federal e previsto pela Política Nacional de Mobilidade Urbana.

Projeto de lei

Tramita, na Câmara Municipal de Fortaleza, projeto de lei para regulamentar a utilização do aplicativo na Capital, de autoria do vereador Ronivaldo Maia. A proposta está sendo analisada na comissão de Constituição, Justiça e Legislação e aguarda a relatoria do vereador Evaldo Lima, líder do governo na Casa.

Há, ainda, um requerimento do vereador Eulógio Neto solicitando providências por parte do poder público para coibir o transporte remunerado de pessoas em veículos particulares, cadastrados através de aplicativos para locais pré-estabelecidos.

Diferencial

Mesmo com a ameaça do poder público, motoristas continuam a exercer o serviço em Fortaleza e têm recebido elogios dos usuários. A fotógrafa Thamires Oliveira, por exemplo, costuma usar o aplicativo quando precisa se deslocar com seu equipamento. "O atendimento do motorista é ótimo, sempre perguntam se aceito água, bombom, se a temperatura do ar-condicionado está boa".

Ela relata já ter tido problemas com o serviço em uma ocasião, mas que tudo foi resolvido rapidamente. "O motorista errou o caminho algumas vezes, e o valor total foi bem maior que o estimado. Entrei em contato com a Uber, mandando uma mensagem bem simples relatando o que aconteceu, e cerca de duas horas depois a empresa me mandou um e-mail se desculpando e devolvendo o valor excedente que paguei pela corrida".

Thamires também destacou outra experiência, em que precisou usar o aplicativo numa emergência, para visitar seu pai no hospital. Ao fim da corrida, o motorista teria dito "espero que fique tudo bem com seu pai, que ele volte pra casa logo. Boa sorte e um ótimo dia". Para ela, a qualidade do serviço é o diferencial.

A fotógrafa afirma ser a favor da regulamentação do serviço, principalmente, depois de já ter sido mal atendida por taxistas diversas vezes, conforme apontou. Para ela, a concorrência beneficia o cliente e os casos de violência dos taxistas que são registrados contra a Uber afastam seus próprios clientes.

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