Alternativa é ineficaz e deve gerar prejuízos a empresas

Escrito por Redação ,

O impacto da MP do frete, caso seja sancionada pelo presidente Michel Temer, será sentido no bolso pelo consumidor em breve tempo. Na opinião de especialistas, a decisão de tabelar a cobrança é ineficaz e prejudicial para os negócios. A Região Nordeste deverá ser a que somará maiores prejuízos.

De acordo com o gerente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Ceará (Setcar-CE), Espedito Róseo Júnior, o impacto será sentido especialmente no envio e recebimento de mercadorias para as regiões Sul e Sudeste do País. Conforme ele, a diferença já está superior ao dobro do valor anteriormente cobrado pelo transporte.

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"A última tabela de frete aumentou em torno de 150% (o valor cobrado pelo trecho entre o Nordeste e outras regiões do País). O impacto nos preços dos produtos produzidos aqui no Estado será grande. Não tem como a transportadora arcar com esse custo, terá que repassar para o embarcador, e será um valor elevado", disse.

Na opinião de Espedito, já será possível perceber variações de preços nos produtos no entre este mês de julho e o próximo mês de agosto. "Tem produtos que o consumidor sente mais rápido, mas a tendência é que a inflação no fim de julho e começo de agosto já sinta, pois os fretes precisarão ser renegociados", apostou.

Para gerente do Setcar-CE, "o livre mercado seria mais interessante, e não o tabelamento de preço, embora que o mercado também esteja precisando de um reajuste, uma equalização, pois está com preços bem abaixo do que deveria ser cobrado", ponderou. Já o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Assis Cavalcante, ressaltou que os aumentos sempre são repassados nos preços dos produtos para o consumidor final. "O frete compõe o preço de custo, que é formado ainda por imposto, aluguel, energia e valor do produto pago ao fornecedor. O frete é um dos elementos. No momento em que a indústria embutir o custo do frete, certamente, vai absorver para o produto. Não tem mágica. Se a mercadoria chegar hoje, com o preço diferente do que estava na prateleira, já irá com o preço diferente", detalhou o empresário.

O primeiro secretário da Câmara Temática de Logística do Ceará (CT Log Ceará) da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Bruno Iughetti, aposta em um impacto em toda a cadeia produtiva. Para ele, a MP veio na hora errada.

"Essa MP vem em momento inoportuno, pois com absoluta certeza, isso pode ter impacto nos fatores de frete. E, consequentemente, um impacto em toda a cadeia produtiva. O nivelamento ou tabelamento do frete é algo que produz um efeito contrário. O que se pretende é que haja um livre mercado e a livre negociação é a maneira mais inteligente e melhor equilibrada que nós podemos apontar para essa questão", citou.

Médio prazo

Iughetti diz enxergar os impactos no médio prazo. "Uma coisa é a questão de implementar as medidas, e os efeitos começam a aparecer no médio prazo. Não tenho dúvidas que isso merece ser revisto para justamente eliminarmos, ou pelo menos reduzirmos, os impactos que se apresentam pela frente".

Como efeitos, ele cita o reflexo na precificação de toda a cadeia logística. "Isso vai ter um impacto direto na cadeia. E, consequentemente, havendo esse impacto direto, os efeitos se farão notar em toda a economia brasileira", asseverou. "Eu vejo uma dificuldade grande para nós, principalmente, não só no Estado do Ceará, mas para os estados da Região Nordeste. A questão é a distância dos estados nordestinos para os centros de consumo das regiões Centro-Sul e Sudeste. O impacto vai se fazer mais presente nessas regiões e, consequentemente, nós seremos atingidos", advertiu o primeiro secretário da CT Log.

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