910 mil desceram de classe social

Escrito por Redação ,
Legenda: Com a redução do poder aquisitivo, muitas famílias mudaram os hábitos de consumo

São Paulo. O crescimento do poder aquisitivo ocorrido no País há alguns anos foi um dos fatores que possibilitou a muitos brasileiros a diversificação da cesta de consumo e a aquisição de bens financiados a longo prazo, como um automóvel. Agora, muitas pessoas recuaram no padrão de consumo e estão com dificuldades para honrar os compromissos financeiros. O atual momento econômico, de desemprego crescente e inflação resistente, afetou o orçamento das famílias, e muitas não pertencem mais à classe social da qual chegaram a fazer parte.

Somente no último ano, quase um milhão de famílias desceram um degrau na escala social. Foi a primeira vez que houve um movimento inverso ao da ascensão socioeconômica que vinha ocorrendo desde 2008. O estudo, da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (Abep), mostra que, de 2015 para 2016, a classe que abrange famílias com renda média de R$ 4,9 mil (chamada de B2) perdeu 533,9 mil domicílios. A categoria dos que ganham R$ 2,7 mil (C1) encolheu em 456,6 mil famílias.

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Avanço dos mais pobres

Ao mesmo tempo, as classes mais pobres ganharam um reforço. Na categoria em que as famílias têm renda média de R$ 1,6 mil (C2), o incremento foi de 653,6 mil domicílios. Outras 260 mil famílias passaram a fazer parte das classes D e E, com renda média de apenas R$ 768.

"Percentualmente, esse movimento é pequeno. Mas, em termos absolutos, estamos falando em um acréscimo de mais de 910 mil famílias nas classes pobres em apenas um ano", afirma Luis Pilli, da Abep.

Um resultado que chamou a atenção é que a classe A, a mais rica e com meios para se defender da inflação e do desemprego, cresceu em 109,5 mil famílias. Com isso, ao todo, 1,023 milhão de domicílios, ou cerca de 4 milhões de pessoas, se movimentaram na escala social por causa da crise - a maioria, porém, perdendo o status anterior.

Baque

Para Maurício de Almeida Prado, sócio-diretor da Plano CDE, consultoria especializada na baixa renda, os números da Abep indicam que quem está sentindo o baque da crise é principalmente a classe média. "Os estratos sociais que dependem do emprego formal foram os mais afetados", explica. Os mais pobres, segundo ele, estão acostumados com a informalidade.

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