Galeria do Rock resiste no Centro de Fortaleza em meio a desafios e novas formas de consumir música

Conjunto de lojas localizado na Galeria Pedro Jorge se transformou com o passar dos anos, mas lojistas e tatuadores continuam apostando na força do espaço

Escrito por
Ana Beatriz Caldas beatriz.caldas@svm.com.br
(Atualizado às 09:40)
Com acervo de milhares de CDs e LPs, Freelancer Discos funciona no segundo andar da Galeria Pedro Jorge
Legenda: Com acervo de milhares de CDs e LPs, Freelancer Discos funciona no segundo andar da Galeria Pedro Jorge
Foto: Ismael Soares

Adentrar na Galeria Pedro Jorge nos últimos dias de 2024 é como voltar no tempo. Localizado no número 834 da rua Senador Pompeu, no Centro de Fortaleza, o prédio se mantém em funcionamento não só pelo leque de serviços ali ofertados, mas também pela relação do público que frequenta o local com uma série de pequenas tradições – seja o relojoeiro de confiança, a loja de variedades que tem de tudo ou o vendedor de discos que, há décadas, conta com um acervo cheio de preciosidades para os amantes de música.

Galeria Pedro Jorge completa 60 anos em 2025
Legenda: Galeria Pedro Jorge completa 60 anos em 2025
Foto: Ismael Soares

Prestes a completar 60 anos, a Galeria tem 204 pontos comerciais, entre lojas e salas, e acompanhou diversas eras da capital cearense – além de sobreviver aos altos e baixos da economia, o espaço também é parte essencial da história de vários gêneros e movimentos culturais. Dentre eles, o que mais se destacou foi o rock

É na Pedro Jorge, afinal de contas, que há pouco mais de três décadas pulsa a chamada Galeria do Rock, conjunto de lojas voltadas para fãs do gênero que ocupa especialmente o segundo andar do lado esquerdo do prédio, além de parte do terceiro andar. 

A partir dos anos 80, o espaço foi sendo ocupado gradualmente por lojas de CDs e discos, camisetas e acessórios relacionados ao mundo da música e do skate e estúdios de piercing e tatuagem – mas foi entre os anos 90 e os anos 2000 que a Galeria se tornou ponto cativo para jovens que iam ali não apenas para comprar ou se tatuar, mas para ouvir música, se encontrar e alimentar a paixão pela arte.

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Entre 2010 e 2015, no entanto, o movimento nos andares mais altos do edifício começou a minguar, acompanhando uma baixa que se fazia presente nos rankings musicais: se nos anos de ouro da Galeria o rock tinha força na indústria musical, fosse com o metal, o grunge, o emo, o indie ou outras vertentes, aos poucos outros gêneros musicais começavam a atrair o público mais jovem, parte importante dos frequentadores do espaço.

Fachada da Galeria Pedro Jorge, na rua Senador Pompeu. Prédio também pode ser acessado pela rua General Sampaio
Legenda: Fachada da Galeria Pedro Jorge, na rua Senador Pompeu. Prédio também pode ser acessado pela rua General Sampaio
Foto: Ismael Soares

Ainda assim, até hoje parte das memórias e das lojas relacionadas à contracultura resistem na Galeria Pedro Jorge. Em uma visita ao espaço, o Verso conversou com algumas das pessoas que fizeram e fazem a Galeria do Rock permanecer viva – afinal, o estilo musical, em todas as suas vertentes, sempre foi mais do que uma tendência passageira.

Planet CD’s: mais de 25 anos apostando na mídia física 

Loja tem acervo diversificado e constantemente atualizado. Na foto, o vendedor Fernando Gomes
Legenda: Loja tem acervo diversificado e constantemente atualizado. Na foto, o vendedor Fernando Gomes
Foto: Ismael Soares

Uma das mais antigas lojas de discos ainda em atividade na Galeria Pedro Jorge – junto à Disco Mania, no térreo, fundada em 1989 – a Planet CD’s foi criada em 1997 e, desde então, tem lugar cativo no coração da Galeria do Rock, no segundo lugar do edifício.

Quem nos conta a história da casa é Fernando Gomes, 34 anos, vendedor da Planet há 16. Antes de fazer uma pausa para a entrevista, ele filmava os discos e CDs recém-chegados à loja e relatava aos clientes do Instagram quais eram os principais descontos da Black Friday. É que, além de vendedor, ele é responsável pelo marketing do lugar, e tenta fazer chegar aos clientes parte do acervo de mais de 10 mil discos e CDs.

“Tudo aqui a gente divide”, destaca, se referindo ao também vendedor Elineudo Morais, que faz parte da equipe da loja desde o início, e ao dono e idealizador do espaço, Márcio Alves. Juntos, os três tocam um trabalho que tem conseguido se manter relevante por quase três décadas, mesmo em meio às muitas mudanças na forma de consumir música e cultura em geral nos últimos anos.

Além de álbuns de rock, jazz e MPB, Planet CDs tem apostado nas divas pop, como Taylor Swift e Charli xcx
Legenda: Além de álbuns de rock, jazz e MPB, Planet CDs tem apostado nas divas pop, como Taylor Swift e Charli xcx
Foto: Ismael Soares

Parte dessa conquista se deve aos fãs fiéis do rock, inclusive muitos que frequentaram os anos de ouro da Galeria, que fazem questão de ir à loja para ouvir as recomendações de Fernando e Elineudo. Mas, além dos CDs e discos de rock, jazz, blues e MPB, a equipe também diversificar o catálogo para captar novos clientes. Apostaram em acessórios, como camisetas e bonés, além de produtos de artistas pop, como Taylor Swift, Lady Gaga e Charli xcx, entre outras.

“A loja foi crescendo, pegando o nome e a gente nunca saiu daqui – talvez até por uma certa comodidade e um medo de arriscar em outros locais”, comenta Fernando. “Mas, como é um lance mais segmentado, a gente foi meio no boca a boca – quem gosta disso já sabe que aqui tinha isso e foi aparecendo uma garotada nova, além da galera que gosta de colecionar ainda e vem para cá. Até aqui, a gente está resistindo”, completa.

Além da Planet CD’s e da Freelancer Discos, o segundo andar da Galeria do Rock conta com lojas de streetwear, como a Bronx Skate Shop – uma das mais antigas do prédio – e a Streethaven, atualmente fechada para reforma. Já no primeiro e no terceiro andar do lado esquerdo da Galeria, predominam estúdios de piercing e tatuagem e lojas de acessórios.

Fernando brinca que o colega Elineudo é, além de vendedor, o “influenciador” da loja. Isso porque o veterano da Planet CD’s costuma ouvir muitas novidades musicais e atua como “consultor” para quem chega à loja em busca de algo diferente. “Nosso papel é mostrar essas bandas novas para quem não conhece. E a galera acaba gostando, vira fã da banda através da gente”, se orgulha Elineudo.

A maior mudança, segundo Fernando, é que hoje a loja conta com mais fãs apaixonados e colecionadores do que o público em geral. Quem vai à Galeria buscar discos é quem está realmente interessado em conhecer novidades ou já é fã de bandas e artistas específicos – e não só voltados para o rock.

“Tem uma galera nova que consome, principalmente, cantoras pop, né? E essa galera gosta tanto de colecionar como a galera do metal, que é uma galera bem assídua. Às vezes (as cantoras) têm discos que saem com quatro capas diferentes, o mesmo álbum, e o pessoal pega todas as quatro”, comenta.

No streaming você não tem (a música), é superficial. É prático? É, mas é como um livro, né? Você quer ter na mão, quer ver todo o lance da arte gráfica, todo o encarte. É um produto, uma obra de arte, tem todo um conceito de ter o físico.
Fernando Gomes

Ainda que o apreço pela mídia física e pela experiência de ir à loja siga vivo, muitas das vendas da Planet CD’s hoje são feitas pela internet, especialmente pelo perfil do Instagram da loja.

Aos sábados, no entanto, há mais movimento no presencial: é o dia em que muitos reservam um momento para checar novidades e experimentar os acessórios de seus artistas favoritos. Na loja, além dos discos e CDs, as camisetas de bandas– seja de merch oficial ou autorizada – são parte importante do lucro. 

Atualmente, Fernando conta que o público se divide entre os vinis e os compactos, devido ao fato de os discos serem, em quase 80%, títulos importados e, portanto, mais caros. A saída para seguir na Galeria, portanto, é se conectar com o cliente e ir atrás do público. “Por haver muito imediatismo, informação muito rápida, você tem que ficar mostrando o produto excessivamente ali para o pessoal despertar, lembrar e consumir”, destaca.

Mesmo assim, no momento, o trio descarta a opção de encerrar a loja física ou mudar de endereço. “Aqui é basicamente a nossa família, é nosso meio de vida. A gente passa mais tempo aqui – eu, Márcio, Elineudo – do que com um familiar em casa. E há também o lance de ter essa paixão pela música. Está tudo atrelado: ‘estamos aqui, vamos acreditar na mídia física, vamos acreditar que ainda tem um público que gosta disso’”, destaca. 

Apesar dos muitos desafios, o investimento tem valido a pena – especialmente pelo reconhecimento. Fernando conta que, além dos cearenses assíduos, até entusiastas da música de outros estados chegam até a loja e os parabenizam pelo esforço em manter a cultura dos CDs e discos viva. “Isso nos fortalece e faz com que a gente mantenha a loja”, conclui.

“Piercing e tatuagem?”

Estúdios de tatuagem seguem presentes na galeria
Legenda: Estúdios de tatuagem seguem presentes na galeria
Foto: Ismael Soares

Além das lojas de discos e acessórios voltados para o mundo da música, outro segmento que sempre fez sucesso na Galeria do Rock foi o de modificações corporais, especialmente piercings e tatuagens. Desde o início dos anos 2000, o setor ocupa várias salas da Galeria Pedro Jorge, onde atuam tatuadores de diversos estilos e níveis de experiência.

Na última década, a propaganda de alguns desses estúdios chegou a ganhar ares meméticos: quem costuma passar pela rua Senador Pompeu em horário comercial nos últimos anos certamente já foi abordado por panfleteiros que, de maneira direta, vendem “o peixe” dos tatuadores. Foi assim, aliás, que nossa equipe foi recebida por uma jovem vendedora no dia da visita para a reportagem: “Piercing e tatuagem? É piercing, é, moça? Ou tatuagem?”. 

Há 20 anos, no entanto, a propaganda era feita de outro jeito, muito pelo boca a boca entre amigos. Foi nessa época que o tatuador Dadá Mendes, 50, idealizador da Impacto Tattoo, começou a trabalhar profissionalmente com a arte e instalou seu primeiro estúdio na Galeria do Rock.

Dadá Mendes tatua na Galeria do Rock há 20 anos
Legenda: Dadá Mendes tatua na Galeria do Rock há 20 anos
Foto: Ismael Soares

O artista conta que sempre gostou de desenhar e que decidiu começar a tatuar por volta dos 20 anos, por insistência de um amigo, que pediu que ele o tatuasse – ainda que Dadá apenas tivesse um material “bem artesanal” e desconhecesse as técnicas adequadas. Foi o mesmo amigo que presenteou o artista com uma máquina de tatuagem, que se tornou estímulo para que Dadá seguisse praticando e se formando como tatuador. 

Alguns anos depois, entre 2000 e 2001, ele começou a tatuar no antigo estúdio Garra do Dragão, na Galeria, até montar seu próprio espaço em 2004. Na época, o espaço tinha apenas duas lojas – dando espaço para que o artista conseguisse se estabelecer como um grande nome no segmento.

Ali, começou atendendo clientes de diversos perfis, de roqueiros, skatistas e surfistas – público cativo da Galeria – e trabalhadores de diversos segmentos. “A maioria dos clientes era mais discreta com relação a tattoos expostas na época, pois era um tempo em que a aceitação era meio complicada”, lembra.

Nas últimas duas décadas, Dadá viu mudanças positivas e negativas na Galeria do Rock, mas decidiu permanecer e seguir estudando “para dar o melhor para os clientes, de acordo com o público atual”. Na pandemia, começou a fazer pinturas em tela para complementar a renda – mas, assim que conseguiu, voltou a se dedicar à arte na pele.

Até hoje, ele encara o espaço como um ponto “com benefícios e desafios”, importante não só na sua trajetória profissional, mas na evolução da arte da tatuagem na Capital. “Uma boa parte da história da tattoo – digamos que 50% – saiu da Galeria, que faz história até hoje. Vários artistas saíram dali”, conclui.

Memórias que transformam

Alex Aguiar, idealizador da Freelancer Discos, abriu loja na Galeria em 2022
Legenda: Alex Aguiar, idealizador da Freelancer Discos, abriu loja na Galeria em 2022
Foto: Ismael Soares

Segundo a administração, todas as 42 lojas disponíveis na Galeria Pedro Jorge estão alugadas, mas cerca de 20 a 25% das 162 salas comerciais estão desocupadas, o que torna partes do edifício – como os andares do lado direito – lugares desertos mesmo durante o dia. Apesar de causar estranhamento e certa nostalgia em quem viu a Galeria prosperar em outras décadas, isso não quer dizer, porém, que o interesse em ocupar o espaço no Centro tenha desaparecido.

Inaugurada em 2022, a loja Freelancer Discos, do empreendedor Alex Aguiar, 46, é exemplo desse movimento. Frequentador da Galeria do Rock desde os anos 90, quando trabalhava em um banco no Centro e sempre passava no local para garimpar novidades musicais e gravar fitas na loja Opus, ele decidiu começar a comercializar discos há cerca de 12 anos, de maneira ocasional, em feiras pela Cidade. 

Em 2016, decidiu profissionalizar as vendas e criar o primeiro grupo de WhatsApp para se comunicar com os clientes – hoje, são dois grupos, com quase mil pessoas no total. Poucos meses depois, abriu a primeira loja física no Quintino Cunha e, em 2021, alugou uma sala no Montese para dar vazão ao acervo e contatar novos públicos.

Decoração da Freelancer Discos traz nostalgia e marcos históricos da história do rock
Legenda: Decoração da Freelancer Discos traz nostalgia e marcos históricos da história do rock
Foto: Ismael Soares

No ano seguinte, porém, decidiu migrar para a Galeria do Rock, aconselhado pelo amigo Márcio Alves, da Planet CD’s. Foi ali que, tantos anos depois daqueles passeios quase diários pelo edifício, encontrou o lugar ideal para sua loja. Por coincidência, acabou ocupando a mesma sala que, décadas antes, tinha sido ocupada pela Opus.

Para mim, vale muito a pena permanecer aqui, porque hoje todo dia você vende, nem que seja um CD, você vende. Não lembro quando foi a última vez que eu saí daqui sem vender nada. Você tem uma rotação muito boa aí, por mais que seja aqui em cima – imagine se fosse lá embaixo. Eu só cresci e aumentei a loja depois que eu vim para cá. Sou muito grato.”
Alex Aguiar
Idealizador da Freelancer Discos

Entre os discos, há opções de artistas cearenses, como Pingo de Fortaleza e Ednardo
Legenda: Entre os discos, há opções de artistas cearenses, como Pingo de Fortaleza e Ednardo
Foto: Ismael Soares

Hoje, assim como ele fazia, os clientes costumam ir ao espaço não só para comprar discos, mas para conhecer e escutar boa música – e em maior número em relação às outras lojas. “Meu público é bem maior, por mais que a Galeria esteja um pouco abandonada. Digo abandonada entre aspas, em relação ao aluguel, porque sempre tem gente passando por aqui”, ressalta. 

“Mas acho que os donos daqui deveriam fazer um marketing para chamar o pessoal pra cá, porque a Galeria é um produto da Cidade, né? Uma coisa cultural, que deveria ser tombada”, pontua. “Tinha que ter algo para chamar, porque tem muito ponto vazio aqui do lado. Quando vim para cá, olhei uns três pontos”, completa.

Apesar de não se arrepender de ter ido para a Galeria do Rock recentemente, Alex ainda sonha com outras lojas de discos ocupando o segundo andar do edifício, junto a ele e a Márcio. “Se tivesse mais umas duas lojas de discos aqui era muito bacana, porque quanto mais, melhor. Não tem negócio de concorrência não; tem que se ajudar mesmo, porque o público de um é o público do outro, e a Galeria precisa muito disso”, conclui.

Em meio a desafios, melhorias e promessas

Mesmo um dos andares mais movimentados da galeria, o segundo do lado esquerdo do prédio, tem muitas lojas desocupadas
Legenda: Mesmo um dos andares mais movimentados da galeria, o segundo do lado esquerdo do prédio, tem muitas lojas desocupadas
Foto: Ismael Soares

Apesar de histórica, em termos numéricos e simbólicos, não existe nenhum projeto do poder público que busque salvaguardar o prédio que abriga a Galeria Pedro Jorge – isso porque, segundo a Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger), o espaço não é tombado e é 100% pertencente à iniciativa privada.

Até 2013, o edifício era gerido pela Imobiliária João Carneiro, da família do idealizador do local, José Carneiro da Silva. No entanto, o prédio foi dividido entre herdeiros e sócios de José, o que dificulta a resolução de alguns dos problemas da Galeria, segundo relataram alguns dos lojistas do espaço.

O síndico da Galeria Pedro Jorge, Ernesto Cavalcante, afirma que recentemente se reuniu com os lojistas para “pedir que tomassem cuidado com a determinação da convenção do condomínio”, visando melhorias na fachada interna, além de anunciar revitalizações na estrutura do prédio, como esquadrias internas e a fachada.

Entre as melhorias já realizadas nos últimos anos para manter o local em atividade, um dos lojistas destacou a instalação de um sistema de câmeras para mais segurança de comerciantes e clientes.

Entre as reclamações, lojistas pontuam a falta de divulgação e de apelo visual da galeria
Legenda: Entre as reclamações, lojistas pontuam a falta de divulgação e de apelo visual da galeria
Foto: Ismael Soares

As demais mudanças, ainda sem data prevista, podem tornar mais agradável um prédio que, mesmo resistente ao tempo e presente na memória afetiva de milhares de cearenses, encontra problemas estruturais, como problemas no piso e falta de revitalização na pintura e na fachada. Outro problema é que não há um reconhecimento “oficial” da Galeria como um ponto de importância cultural na Cidade, tanto por entes privados quanto públicos – reclamação principal dos lojistas.

“Acho que falta uma visão nesse outro lado, uma visão de uma melhora visual, uma melhora de divulgação, uma melhora do conforto para os seus clientes”, pontua Fernando Gomes, que acompanhou diversas mudanças de gestão – e pretende seguir por ali, resistindo. “Seria uma coisa que iria agregar não só para a gente, aqui dentro da loja, mas para todos”.

Para conhecer e acompanhar

Planet CD's - @planetcds
Freelancer Discos - @freelancer_discosalex
Impacto Tattoo - @dadaimpacto

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