Presidente do IBGE pede demissão e sairá do cargo nesta sexta (9) após suspensão do Censo 2021

Antes da saída, Susana Guerra assinou acordo com ONU para participação do Brasil em plataforma de dados

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Diário do Nordeste e Estadão Conteúdo producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 11:48)
Presidente do IBGE, Susana Guerra
Legenda: Susana Guerra pediu exoneração do cargo ainda no mês passado.
Foto: Fenrando Frazão/Agência Brasil

A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra, sairá oficialmente do cargo nesta sexta-feira (9). Ela pediu exoneração ainda no mês passado, um dia após o Congresso Nacional aprovar um corte orçamentário de 96% no Censo Demográfico previsto para este ano, inviabilizando o Censo Demográfico 2021.

A decisão do Congresso acarretou a suspensão de concurso público a ser realizado para a pesquisa, conforme divulgado na última terça-feira (6). A pesquisa contaria com R$ 71 milhões para realização, o que foi considerado inviável.

Nos bastidores, há esforços pela nomeação de um nome técnico, que já esteja familiarizado com o funcionamento do IBGE. O nome do sucessor de Susana, porém, ainda não foi divulgado.

Acordo com a ONU

Susana Guerra, em um de seus últimos atos à frente do Instituto, assinará, nesta quinta (8), acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) que torna o Brasil um dos cinco países do mundo administrador de uma plataforma digital de processamento de dados estatísticos e geocientíficos.

Além do País, somente China, Emirados Árabes, Ruanda e um representante europeu ainda não anunciado têm acesso à base de dados, que deverá facilitar a divulgação e o intercâmbio de informações.

Com o acordo, Susana espera abrir as portas do órgão, que viraria um hub de big data, não apenas para a modernização da produção de conteúdo como para futuros financiamentos, os quais poderiam auxiliar na viabilização do Censo Demográfico, inclusive.

A cerimônia de assinatura terá adesão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), embora não envolva transferência de recursos financeiros — haverá transferência apenas de tecnologia e de treinamento para tratamento de dados.

"Por conta da pandemia, outros órgãos de estatística estão passando por dificuldades análogas e gerando soluções em tempo real. Então, isso abriu um espaço tremendo para uma cooperação multilateral. E essa cooperação internacional visa essa abertura e também é uma alavanca para o IBGE continuar levantando recursos com outros órgãos para que consiga levar adiante outros projetos de tecnologia e modernização que serão cruciais em um período tanto de pandemia mais branda, mas também de restrição orçamentária", comentou Susana.

Novos processos

Conforme fontes do IBGE, a ONU foi escolhida devido a um desdobramento do aprendizado do órgão durante a pandemia de Covid-19, que suscitou novos processos de trabalho que poderiam ser aproveitados para a realização do censo.

O primeiro é um modelo misto de coleta, que passa do presencial e on-line para, agora, também ao meio telefônico. Os cadastros de endereços também receberam aperfeiçoamento. O acesso e tratamento de dados cadastrais de beneficiados pelo auxílio emergencial pago pelo Governo Federal já permitiram ao IBGE um mapeamento remoto de grande parte dos domicílios a serem visitados, e equipamentos de segurança sanitária seriam adquiridos para permitir as visitas domiciliares.

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