Formação de gelo nas asas pode ter causado queda de avião da Voepass, diz especialista

Além do gelo, acidente também pode ter sido causado por falha nas hélices

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(Atualizado às 10:34)
Avião da Voepass, que caiu em Vinhedo
Legenda: Acidente deixou 57 passageiros e quatro tripulantes mortos
Foto: AFP

A queda do avião da Voepass Linhas Aéreas, nessa sexta-feira (9), pode ter sido causada por formação de gelo nas asas da aeronave ou por falha nas hélices, acreditam especialistas. O acidente, que deixou mais de 60 vítimas, ocorreu em Vinhedo, no interior de São Paulo.

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De acordo com fontes ouvidas pela Folha de S. Paulo, as hipóteses baseiam-se na forma como o avião caiu. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível observar a aeronave rodopiando em posição horizontal enquanto despenca do céu, movimento conhecido como “parafuso chato”.

VEJA REGISTRO DA QUEDA

A manobra ocorre quando o piloto perde o controle do avião, não conseguindo mais apontar o “nariz” da aeronave para baixo ou usar os motores para recuperar a sustentação no ar.

HIPÓTESES LEVANTADAS POR ESPECIALISTAS

Apesar de ainda ser muito cedo para determinar o que causou a queda do avião com exatidão, o especialista em segurança de voo Roberto Peterka destacou a possibilidade da formação de gelo nas asas da aeronave como um possível motivo para o acidente.

"Esse avião voa num nível [de altitude] onde tem muito gelo. Então, pode ser que o gelo tenha se acumulado nas asas e alterado o perfil de sustentação. Assim, ele perde a velocidade e a sustentação, e vem abaixo", esclareceu.

O especialista ainda reforçou a hipótese explicando que, para recuperar a sustentação do avião no ar, é comum que o piloto utilize manobras que envolvem o “parafuso chato”.

"O piloto tem as suas medidas de segurança para tirar o avião dessa situação [de perda de sustentação no ar], e numa dessas [manobras] ele passa pelo 'parafuso chato'. E se ele entrar no parafuso chato, é muito difícil de sair", afirmou Peterka.

Professor aposentado de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o engenheiro Hildebrando Hoffman acredita ser pouco provável que o gelo tenha sido a causa do acidente, argumentando que o ATR-72, modelo do avião, possui sistemas antigelo e que, dificilmente, a condição resultaria em um “parafuso chato”.

Para Hoffman, a queda pode ter sido provocada por uma falha nas hélices da aeronave, que teriam prejudicado a tração do avião.

“Essa situação [o modo como o avião caiu] se deve fundamentalmente porque por algum motivo ele deixou de ter tração, os motores deixaram de funcionar em regime normal. Ele perdeu a tração e veio em queda livre praticamente na vertical, girando. Isso pode ter ocorrido porque algo aconteceu com o sistema de hélices, que precisa estar numa posição correta para causar tração”, explicou o engenheiro.

ACIDENTE

De acordo com informações da Voepass Linhas Aéreas, 61 pessoas estavam a bordo do voo 2283, sendo 57 passageiros e quatro tripulantes.

“A companhia lamenta informar que todas as 61 pessoas a bordo do voo 2283 faleceram no local. Neste momento, a Voepass Linhas Aéreas prioriza prestar irrestrita assistência das famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente", informou a empresa.

Ainda conforme a companhia, a aeronave decolou de Cascavel, no Paraná, "sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação".

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