Governo da Colômbia e guerrilheiros rebeldes anunciam acordo de cessar-fogo

O acordo começará a valer a partir do dia 3 de agosto e durará 180 dias

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Presidentes na negociação do cessar-fogo
Legenda: Esta terceira etapa de negociações foi realizada entre os dias 2 de maio a 9 de junho em Havana, capital de Cuba.
Foto: AFP

Após uma terceira rodada de negociações de paz, o governo da Colômbia e o grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciaram um acordo de cessar-fogo nesta sexta-feira (9). O acordo começará a valer a partir do dia 3 de agosto e durará 180 dias - seis meses.

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Além da trégua momentánea, o acordo também prevê a criação do Comitê de Participação Nacional, que contará com a intervenção de 30 setores da sociedade colombiana. Esta terceira etapa de negociações, que foi realizada entre os dias 2 de maio a 9 de junho em Havana, capital de Cuba, não será definitiva.

As conversas para a paz no país sul-americano serão progressivas até o acordo final, que deve acontecer em maio de 2025. Uma quarta rodada vai acontecer ainda este ano na Venezuela, entre os dias 14 de agosto e 4 de setembro.

BOA NOTÍCIA

O anúncio do cessar-fogo é uma boa notícia para o presidente colombiano, Gustavo Petro, que no momento enfrenta acusações de irregularidades financeiras em sua campanha eleitoral.

Além disto, o pacto inédito é o primeiro passo na campanha pela "paz total" que tem o fim da guerra no país - que dura quase seis décadas e já vitimou pelo menos 450 mil pessoas - como principal bandeira de governo.

"Aqui termina uma fase de insurgência armada na América Latina, com seus mitos e realidades", disse Petro aos participantes da cerimônia em Havana. "O mundo das armas e de matar uns aos outros precisa acabar”, acrescentou.

Em uma publicação nas redes sociais, Petro disse que os direitos humanos e o direito internacional humanitário orientam o acordo além de que o objetivo é alcançar uma sociedade mais justa.

"Chegamos a um acordo parcial com o ELN como nunca antes, que será progressivo até o acordo final em maio de 2025. A prioridade será conseguir a proteção da população civil nas áreas de conflito, começando pelas crianças. Os direitos humanos e o direito internacional humanitário orientam o acordo A participação da sociedade nos acordos será fundamental e a proposta de um grande Acordo Nacional que meu governo apóia. O Acordo Nacional tem objetivo: alcançar uma sociedade mais justa."

ACORDO INÉDITO

Em um comunicado, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, parabenizou as partes pelo acordo. “São passos importantes que dão esperança ao povo colombiano, especialmente às comunidades mais afetadas pelo conflito”, afirmou Guterres.

Segundo nota do Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro recebeu com grande satisfação o anúncio de acordo. A pasta tembém defendeu a opção pela via negociada para a resolução pacífica de conflitos.

“Como um dos países garantes do processo, o Brasil manifesta sua confiança em que os acordos alcançados representam impulso vigoroso na direção da paz sustentável na Colômbia. O Brasil reitera seu compromisso com as negociações em curso e renova seu compromisso em seguir apoiando as partes para que se realizem os anseios da sociedade colombiana, assim como dos países da região, pela paz definitiva e integral”, diz o comunicado.

Através das redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também parabenizou o país vizinho, em particular o presidente colombiano Gustavo Petro.

"Parabenizo a Colômbia, em particular o Presidente @petrogustavo, pelo acordo de cessar fogo com o ELN. Um passo fundamental na construção da paz para os povos latino-americanos e uma reafirmação da vocação de paz da América do Sul."

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