Governo pede retestagem de material do laboratório PCS Saleme pós transplantes contaminados com HIV

A unidade foi responsável por testar o sangue dos doadores dos órgãos e dar "falsos negativos" sobre a presença do vírus

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Nísia Trindade é uma mulher branca de cabelo curto preto. Na foto, ela olha para o lado e está de camisa de botão rosa
Legenda: Nísia Trindade é a ministra da Saúde
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, determinou a retestagem de todo o material testado pelo laboratório PCS Lab Saleme, no Rio de Janeiro. O estabelecimento foi interditado nesta sexta-feira (11), após a descoberta de que seis pacientes transplantados no Estado foram contaminados com HIV — a unidade foi a responsável por testar o sangue dos doadores dos órgãos e dar "falsos negativos" sobre a presença do vírus.

Nísia, que se refere ao caso como uma "grave situação adversa no estado do Rio de Janeiro" ordenou ainda que todos os testes feitos pelo laboratório sejam refeitos no Hemorio, o hemocentro fluminense. Além disso, a ministra afirmou que o Governo prestará apoio e assistência especializada aos pacientes e que fará uma auditoria urgente sobre o caso pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS).

"Até o momento, tivemos a confirmação de que dois doadores tiveram novo teste positivo para HIV e seis receptores também tiveram testes positivos para HIV", disse a gestora.

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PCS Saleme

O PCS Saleme tem duas unidades no Rio de Janeiro, sendo uma em Belford Roxo e outra em Nova Iguaçu. Os exames errados teriam sido feitos na segunda cidade.

A Secretaria da Saúde do Rio de Janeiro, que investiga internamente o episódio, disse que está executando um "rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data de contratação do laboratório".

O laboratório foi contratado pelo Governo no ano passado, em processo licitatório emergencial orçado em R$ 11 milhões em um ano.

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Entenda o caso

Seis pacientes que estavam na fila de transplante no Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados pelo vírus HIV. O incidente é considerado inédito na história do serviço prestado pelo estado fluminense. "É uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência, e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas", comunicou a pasta estadual da Saúde.

O primeiro caso foi descoberto no dia 10 de agosto. À época, um paciente que foi submetido a um transplante de coração no início deste ano buscou a rede hospitalar com sintomas neurológicos. Ele passou por uma bateria de exames e os médicos descobriram que ele portava o vírus HIV — antes do transplante, não tinha.

Outro paciente transplantado buscou assistência no dia 3 deste mês de outubro. Ele também estava com sintomas neurológicos e também testou positivo para o HIV. E, como o primeiro, também não convivia com o vírus antes da cirurgia.

Laboratório diz que vai investigar responsabilidades do caso

Em nota enviada à Agência Brasil, o laboratório PCS Lab se referiu ao episódio como algo "sem precedentes na história da empresa, que atua no mercado desde 1969", e disse que abriu uma sindicância interna para apurar as responsabilidades no caso. 

O laboratório afirmou ainda que informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV feitos com amostras de sangue de doadores de órgãos entre dezembro do ano passado e 12 de setembro deste ano. "O PCS Lab dará suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e seus familiares, e reitera que está à disposição das autoridades policiais, sanitárias e de classe que investigam o caso", concluiu.

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