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Em meio à investigação em Choró, cidade vive incerteza sobre posse do novo prefeito

Com a operação da PF deflagrada nessa quinta (5), ainda não é público se Bebeto estará presente na cerimônia de diplomação

(Atualizado às 19:50, em 12 de Dezembro de 2024)
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Legenda: Bruno Jucá (à esquerda) e Bebeto Queiroz (à direita) foram eleitos, respectivamente, vice-prefeito e prefeito de Choró.
Foto: Reprodução/Redes sociais

Alvo de novo mandado de prisão, este em operação da Polícia Federal (PF) nessa quinta-feira (5), o prefeito eleito de Choró, Bebeto Queiroz (PSB), está foragido mais uma vez. O sumiço ocorre cerca de uma semana antes da diplomação do cargo ao qual foi eleito em outubro, marcada para 14 de dezembro no Fórum Desembargador Avelar Rocha, em Quixadá.

A diplomação é a última etapa da eleição, passados os prazos de questionamento e de processamento do resultado. É o meio pelo qual a Justiça Eleitoral atesta a escolha das urnas, tornando aquela figura pública apta a tomar posse no cargo. Em 2024, o procedimento pode ser feito até 19 de dezembro.

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Com a operação da PF, ainda não é público se Bebeto estará presente na cerimônia de entrega do diploma. Em meio às investigações, ele, sendo presidente do diretório provisório do PSB de Choró, não renovou a vigência deste, que terminou no último dia 30.

O PontoPoder buscou o vice-presidente estadual do PSB, Elias José, para entender como a legenda acompanha as operações que envolvem Bebeto. Ele informou que a direção do partido não conversou com Bebeto nem fez discussões internas sobre o assunto. “O presidente estadual Eudoro Santana solicitou ao advogado do partido uma análise jurídica do caso para subsidiar a Executiva Estadual”, completou.

Já a situação do diretório municipal está em discussão, e, segundo Elias, várias comissões provisórias do PSB no Ceará estão em condição parecida. “Dificuldades do sistema do TSE (SGIP3) com permanente inconsistência estão causando a demora na renovação. O caso de Choró será objeto de avaliação política breve pelo partido”, apontou.

Operação da PF

Bebeto Queiroz é investigado por supostamente participar de esquema de compra de votos e por influenciar nas eleições de outubro "em dezenas de municípios do Ceará". A operação, batizada Vis Occulta, é um desdobramento da operação Mercato Clauso, deflagrada em 4 de outubro. Na ocasião, a Polícia apreendeu R$ 600 mil com indivíduo vinculado a grupo que atuava nas cidades de Fortaleza, Canindé e Choró.

As diligências desta quinta cumpriram dois mandados de prisão preventiva, sete mandados de busca e apreensão e aplicaram medidas cautelares a cinco investigados, como o recolhimento domiciliar noturno e o uso de tornozeleira eletrônica, em endereços em Fortaleza. O trabalho foi realizado com apoio do Ministério Público Eleitoral e da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco).

Segundo divulgou a PF, as investigações "revelaram indícios de que os valores utilizados para a compra de votos foram obtidos por meio de um esquema de caixa 2, envolvendo contratos públicos direcionados a empresas vinculadas à organização criminosa”. Ainda conforme a corporação, os recursos eram destinados ao “financiamento ilícito de campanhas eleitorais".

 O PontoPoder não localizou a defesa para pronunciamentos. 

Consequências político-eleitorais

A cerimônia do dia 14 também vai diplomar o vice-prefeito eleito, Bruno Jucá (PRD), e os vereadores do próximo mandato, além dos demais eleitos nos municípios da 6ª Zona Eleitoral (Quixadá, Banabuiú, Choró e Ibaretama). 

Não há vedação quanto à diplomação de Jucá, diante do desaparecimento do colega de chapa. Bebeto, inclusive, pode ser diplomado, se o fizer por procuração – estando ainda foragido ou preso preventivamente. Neste último caso, como não há previsão de julgamento, a detenção pode ser revogada a qualquer momento.

Caso seja comprovada a sua atuação no esquema, Bebeto pode ser responsabilizado não só criminalmente, como também no âmbito eleitoral, com cassação de chapa. Segundo a Polícia Federal, as informações apuradas devem ser compartilhadas com as Promotorias Eleitorais de Canindé e Choró, para "subsidiar o eventual oferecimento de ações impugnativas” nesse sentido.

Se Bebeto seguir desaparecido ou sua prisão for renovada até depois de 1º de janeiro, quem toma posse da Prefeitura perante a Câmara Municipal de Choró é Bruno Jucá, o segundo na linha sucessória. A reportagem também não conseguiu localizar o vice-prefeito eleito para esclarecimentos sobre a situação jurídica e política da chapa.

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