Líder do PCC critica Moro e diz que tinha 'diálogo' com PT em ligação gravada pela PF

A investigação mostrou que o núcleo financeiro da facção é responsável por recolher e gerenciar as contribuições para a organização em âmbito nacional

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(Atualizado às 11:41, em 10 de Agosto de 2019)

Uma operação da Polícia Federal que investiga o núcleo financeiro da organização criminosa PCC revelou um diálogo entre chefes da facção que citam o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, segundo reportagem do Estadão. A operação “Cravada” cumpriu 28 mandados de prisão em sete Estados e fechou 400 contas bancárias ligadas à facção. 

A investigação mostrou que o núcleo financeiro da facção é responsável por recolher e gerenciar as contribuições para a organização em âmbito nacional. Os pagamentos, chamados de “rifas”, eram feitos por meio de diversas contas bancárias de maneira intercalada. 

Os diálogos são entre Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como ‘Elias’ ou ‘Veio’, considerado de relevante posição dentro da organização criminosa e responsável por controlar as contas bancárias; Willians Marcondes Ferraz, o ‘Rolex’, também atuante em posição de comando; e André Luiz de Oliveira, o ‘Salim’, revela a reportagem. 

Durante as conversas, os traficantes falam que o Governo está “mexendo diretamente com a cúpula” e criticam Sérgio Moro.  

“Com nois já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros, que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não. Esse MORO aí, esse cara é um filha da puta, mano. Esse cara aí é um filha da puta mesmo, mano. Ele veio pra atrasar”, diz Elias, segundo material colhido pela PF. 

“Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque… situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano….”, completa o traficante. 

Em conversa entre Elias e “Rolex”, os chefes da facção comentam uma reportagem do Estado sobre o isolamento de 134 presos em São Paulo, antes de o mesmo ser feito com William Herbas Camacho, o ‘Marcola’.  

“Esse verme aí que entrou aí”, mano, ele veio para querer mostrar serviço, mano, pra querer falar que “com ele é dessa forma”, e que “nas outra administração tava tudo errado”. Então, eles tão vindo nesse caminho, de querer mostrar que tudo que os outros estavam fazendo tava errado. Então, pode ter certeza, meu amigo, esse “verme” aí ele vai ô…primeiramente irmão: “mexeu, não teve uma resposta, até agora não teve uma resposta ainda!”. Os cara falou o quê? Falou: “oh mano, os cara não quer, não quer guerra”. Mas só que o… “a gente tem que desestruturar as peça chave”. As peça chave que ele sabe que eles tem o tabuleiro quem é.”, diz. 

Em nota, o PT afirmou se tratar de “mais uma armação como tantas outras forjadas contra o PT”,  e frisou que a Polícia Federal está subordinada a Sérgio Moro. “ 

“Vem no momento em que a Polícia Federal está subordinada a um ministro acuado pela revelação de suas condutas criminosas. Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sergio Moro, para montar uma farsa judicial contra o ex-presidente Lula com delações mentirosas e sem provas. É Moro que deve se explicar à Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele.”, finaliza a nota. 

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