Depois da arminha, o cotoco é o novo símbolo nacional
É importante ficar atento à simbologia na política
Em tempos de grosseria, o cotoco é o mais novo símbolo nacional. Cotoco, como é chamado no Ceará, é o gesto feito pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em resposta ao grupo que protestava contra a comitiva do governo brasileiro enviada à Assembleia Geral da ONU em Nova York.
No relato frio e técnico da mídia internacional, Queiroga mostrou o dedo do meio aos manifestantes. Discordo. Essa é o tipo da manchete que ganha um sentido mais forte quando aplicamos a linguagem regional. Em bom cearês ou cearensês, ministro deu um cotoco aos opositores. Com o maior-de-todos em riste. Repita comigo, conforme aprendemos na infância: dedo mindinho, seu vizinho, maior-de-todos, fura-bolo e cata-piolho.
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É importante ficar atento à simbologia na política. O mesmo bolsonarismo que ostentava o gestual da arminha, agora dá cotoco ao Brasil e ao mundo. O importante, para essa turma, é manter a grosseria em alta e ganhar pontos com o chefe.
Vacina para adolescentes? Cotoco neles. Pouco interessam as recomendações científicas. E repare que o cardiologista paraibano chegou com ares de um “quadro técnico” que não se deixaria contaminar pelo ódio do gabinete bolsonarista. Qual o quê. O médico exibiu, por trás da máscara, sua face de monstro.
Para completar, testou positivo para a Covid-19 na hora de voltar ao país com a delegação brasileira. Ficou isolado em um hotel cinco estrelas em Nova York. Pense num gesto caro para o contribuinte: é o cotoco mais caro do mundo. Merece o livro dos recordes.
Dedo mindinho, seu vizinho, maior-de-todos, fura-bolo, cata-piolho. Vamos tentar nos acalmar no embalo da antiga brincadeira. É preciso manter a sanidade. O show de horrores, como vimos nas revelações da CPI da Pandemia, deveria ser proibido para maiores de 21 anos. Até a declaração de óbito da mãe do empresário Luciano Hang (Havan), segundo dossiê de médicos da Prevent Senior, teria sido fraudada para proteger o governo no noticiário sobre o “kit Covid”. Macabro. Esse filme de assombração está indo longe demais.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.