Você sabe o que é sorofobia?
Dezembro Vermelho chegou e com ele mais um ano tentando vencer os desafios do preconceito contra pessoas que vivem com HIV
O criador de conteúdo digital Lucas Raniel, que vive com HIV desde 2013 e usa de sua influência para educar e desconstruir mitos sobre o assunto, recentemente denunciou um episódio de sorofobia cometido pelos apresentadores de podcast Abner Dantas e Cassius Ogro.
Na ocasião, a dupla de “humoristas” teceu diversos comentários violentos e constrangedores na internet, além de diversas mentiras e piadas preconceituosas a respeito de pessoas que vivem com HIV, completamente baseados em estigmas que há anos a ciência luta para derrubar.
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Não vou me demorar reproduzindo o show de horrores de Abner e Cassius, mas é preciso deixar claro que os comentários são crimonosos, pois além de incitar o preconceito, a discriminação e a rejeição, eles ainda descredibilizam todo o processo de estudos e avanços científicos. O que esses dois sujeitos fazem não é humor, acho até uma ofensa a essa classe artística. O que eles fazem é desprezível e desrespeitoso.
Vivemos em uma sociedade que, apesar da evolução da ciência e das políticas públicas, sociais e jurídicas, a temática do HIV ainda é um grande tabu. Falar sobre o assunto, não significa que ele seja aceitável ou compreendido, porque a falta de informação e o preconceito são muito maiores.
Então aqui vão informações importantes sobre HIV:
1. O HIV é transmitido principalmente por meio do contato sexual sem uso de preservativo e isso não tem nada a ver com a sexualidade. Tanto homossexuais, quanto heterossexuais podem ser infectados.
2. Todo o tratamento para o HIV é acessível na rede pública de saúde (SUS) e hoje em dia temos a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) como métodos de prevenção.
3. O termo sorofobia é aplicado para situações de discriminação contra pessoas que vivem com HIV, que reforça o imaginário errôneo da população e fortalece o medo das relações pessoais e profissionais, excluindo essas pessoas do convívio em sociedade.
4. É por causa desse isolamento e abandono que muitas pessoas que vivem com HIV sentem medo de revelar seus diagnósticos para parceiros, amigos ou familiares.
5. Fazer o teste, seguir as recomendações, fazer os exames periódicos e manter os medicamentos antirretrovirais em dias fazem pessoas com vírus alcançarem a capacidade de zerar o risco de transmissão, ou seja, anular o risco de propagar o vírus.
6. O Brasil é um dos países de maior exemplo no que tange o tratamento e a qualidade de vida de pessoas com HIV. Há mais de 40 anos a ciência do mundo inteiro vem evoluindo sobre o tema, dedicando-se à redução dos impactos sociais, com tratamentos extremamente avançados e que garantem uma vida saudável e sem riscos tanto para quem vive com o vírus, como para pessoas sem o vírus.
O mês do Dezembro Vermelho é um mês de uma maior conscientização desse assunto, não apenas como um alerta da importância de se fazer o teste, mas também de combater o preconceito, promover o acolhimento e um maior entendimento para informar a população e construir uma rede de proteção para pessoas que vivem com HIV.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor