Treta no mundo artístico: Fulano detona Beltrano
A história de uma jornalista que, para garantir engajamento, resolveu iniciar uma briga infundada entre dois artistas
Estava em um festival de música quando, durante um intervalo de shows, fui abordado por uma jornalista pedindo uma entrevista. Aceitei e falei sobre assuntos diversos de trabalho, mas em meio às perguntas, surgiu um pedido para que eu falasse a minha opinião sobre uma polêmica envolvendo um colega de profissão. Para a surpresa de ninguém, foi isso que virou título da matéria.
Tem sido cada vez mais constrangedor momentos como esse, especialmente em entrevistas em eventos, onde muitas vezes somos pegos desprevenidos e colocados em situações desconfortáveis. O que deveria ser um espaço interessante para os veículos e para os artistas, acaba se tornando apenas um momento de tensão para nós e uma oportunidade para a próxima postagem “caça-like” deles.
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Na ocasião, falei sobre minhas impressões como apresentador iniciante do reality Estrela da Casa e ainda sobre as expectativas para o lançamento de um filme onde faço meu primeiro protagonista, Maníaco do Parque. No entanto, mais importante do que isso, era o que eu achava de uma declaração do ator Thiago Fragoso.
Respondi com muita sinceridade que achei que ele foi infeliz em sua fala e que, provavelmente, ele estaria repensando sobre isso após toda a repercussão negativa. Pronto! Essa única resposta foi suficiente para se jogar todo o restante da entrevista fora e se optar por criar uma “treta” na internet, com postagens anunciando sobre como eu “detonei o meu colega”.
É triste sentir na pele como muitos jornalistas e veículos têm sido levianos e irresponsáveis com seus trabalhos em busca de engajamentos, procurando um título que gere polêmica, duplo sentido, compartilhamentos em massa sem leitura qualquer. O cuidado com o entrevistado fica em último plano, só se der.
Aproveito, então, este espaço, para afirmar que não tenho nenhum problema com o Thiago, pelo contrário, guardo profunda admiração por sua trajetória artística. Ainda assim, permaneço com a mesma opinião sobre sua fala e isso nada tem de “detonar alguém”.
Quando falo de cuidado com o entrevistado, falo sobre uma série de consequências que um único título ou chamada pode gerar, como uma desavença infundada, uma briga que não existe, uma mágoa entre colegas de profissão, o desgaste da imagem de um profissional e até mesmo a perda de trabalhos.
Que deselegante é precisar o tempo inteiro se policiar para não se envolver em polêmicas que não são suas ou cair em ciladas de jornalistas que só querem emplacar matérias “bombásticas”, cheias de inverdades.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor