Vale a pena investir em ações das Americanas? Confira opinião de especialistas
Segundo agentes de mercado, melhor estratégia é reduzir aportes relacionados à companhia
Com um rombo confirmado de R$ 20 bilhões anunciado na última quarta-feira (11), as Lojas Americanas deverão registrar uma queda considerável no preço das ações na Bolsa de Valores. E, segundo analistas de mercado, considerando as perspectivas de futuro e o baixo nível de informações sobre a situação no momento, a melhor estratégia é reduzir os investimentos na varejista.
Segundo, Thomaz Bianchi, sócio da M7 Investimentos, o comunicado trouxe diversas incertezas sobre a Americanas (AMER3), principalmente após o anúncio de saída do presidente da empresa, Sérgio Rial. O executivo era apontado como peça central para a estratégia de redução dos custos de operação e melhora dos resultados financeiros.
"Você tem a saída do CEO, que era importante no processo de transformação da companhia, já que ele estava focado em reduzir custos, trazer credibilidade frente ao mercado, mas essa movimentação traz um alerta para os investidores. Temos ainda o impacto sobre a contabilidade, pois não sabemos o tamanho dele, mas isso vai implicar em questões de alavancagem financeira, custo de dívida e deterioração de capital de giro", disse Bianchi.
A opinião foi corroborada por Gilberto Barbosa, sócio da V8 Capital, que destacou haver, ainda, poucas informações sobre o "rombo" de R$ 20 bilhões. Além disso, ele projetou que, caso o processo não seja bem administrado, podem haver batalhas no campo judicial nos próximos meses entre a Americanas e os credores.
"Com base no que foi divulgado até agora, sabemos que um volume relevante de dívidas não estava reconhecido no balanço da companhia. Além disso, as despesas financeiras sobre essas dívidas também não foram reconhecidas no resultado da empresa", disse Barbosa.
"Assim, após os ajustes na contabilidade o patrimônio líquido da Americanas será bastante inferior. Com isso, o que se está desenhando é que a empresa vai precisar de um aumento de capital para que volte a ter índices razoáveis de alavancagem. Apesar da maior parte do endividamento atual da companhia não ter cláusulas de vencimento antecipado, a alta na alavancagem vai exigir uma renegociação com os bancos, que no limite podem ser mais agressivos e cobrar antecipadamente as dívidas e/ou judicializar o problema", completou.
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Sobre os investimentos neste momento de baixa das ações da Americanas, com os papéis abrindo em leilão com queda de mais de 75%, segundo os analistas de mercado, a melhor estratégia é reduzir aportes na companhia.
"Existe, além de tudo, um risco de processo na justiça americana, porque a companhia tem emissão de papéis nos Estados Unidos, então não se sabe o quanto isso pode impactar. Tivemos casos semelhantes e essas empresas foram processadas", disse Bianchi.
"O cenário macroeconômico também é muito desafiador para a empresa. De um modo geral, vale ter uma cautela nesses investimentos e ver como isso pode ter impactado o resultado contábil. A ação estava em leilão com perspectiva de queda de 75% do valor, mas é preciso aguardar", completou.
A perspectiva for corroborada, mais uma vez, por Gilberto Barbosa.
"Até o momento as ações da empresa ainda não saíram do leilão de abertura. Mas o leilão está bastante pressionado, com o preço teórico das ações representando uma queda de quase 90%. O mercado de crédito para os papéis da companhia também está bastante estressado. Muitas casas de pesquisa estão tirando recomendações ou rebaixando a empresa, e players institucionais que estão comprando os papéis devem reduzir suas posições nas próximas horas e dias", explicou.