Tecnologia em excesso está criando geração de ingênuos

Foi o que disse para os integrantes da Missão da Fiec em Portugal o professor Leid Zejnilovic, com duplo doutorado em Mudança Tecnológica e Empreendedorismo

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 09:28)
Legenda: Para o professor Leid Zeinilovic, a Inteligência Artificial precisa preservar a verdade. Hoje, ela ainda produz informações falsas
Foto: Egídio Serpa
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Cascais (Portugal) - Por culpa da digitalização e da facilidade com que, hoje, as crianças manipulam com incrível destreza o telefone celular ou um notebook, “o mundo está vendo nascer e crescer uma geração de ingênuos”. E isto poderá agravar-se com o mau uso da Inteligência Artificial (IA), que precisa, primordialmente, preservar a verdade das informações, uma vez que, nos tempos atuais, quase tudo se copia e, pior, quase tudo parece ser verdadeiro, mas não é.  

Em outras palavras, foi o que disse ontem o professor Leid Zejnilovic, com duplo doutorado em Mudança Tecnológica e Empreendedorismo pela Universidade Carnegie Mellon e pela Católica-Lisboa School of Business and Economics. Ele falou ontem, 12, durante duas horas, para os 29 integrantes da Missão Empresarial da Fiec que está aqui aprendendo sobre a Economia do Mar, os quais o aplaudiram com entusiasmo ao final de sua aula. 

Segundo o professor Zejnilovic, a IA é e será muito útil para todos os setores da vida econômica, social, financeira e cultural, já provocando mudanças importantes na vida das empresas, das pessoas, das escolas e da academia em todo o mundo. Há, porém, uma crescente preocupação com sua regulação, tendo em vista que “todos desejamos a preservação da verdade”. 

Ele citou vários exemplos do que pode ser chamado de crime contra a verdade, aludindo a casos recentes de adulteração de fotos antigas de pessoas, famosas ou anônimas, que, pelo mecanismo da IA, podem ficar esteticamente mais bonitas ou feias, dependendo da intenção de quem manipula essa novidade tecnológica. Com outras palavras, o professor Leid Zejnilovic disse: 

“Essa foto, ao ser manipulada, apesar de ter sido melhorada sob o ponto de vista da plasticidade, alterou a verdade na sua origem. Ora, se isso é tão simples de executar, imagina o que pode acontecer com outras camadas de informações, de fatos, de referências, de notícias. Quando se observa a IA do ponto de vista da Economia Azul, o primeiro sinal de advertência que surge é o de muito cuidado em relação à segurança de dados, no incremento da velocidade das informações e no próprio desenvolvimento de novas tecnologias ligadas, por exemplo, ao mercado de crédito, à biodiversidade, de crédito carbono, tudo com foco na preservação da verdade, mantendo, todavia, a capacidade de pensar das pessoas.” 

Leid contou o que se passou com ele neste ano, quando toda a Península Ibérica (Espanha e Portugal) sofreu um apagão geral, com falta de energia elétrica em quase todas as grandes e pequenas cidades dos dois países. Como a bateria dos telefones celulares não pode ser recarregada por absoluta carência de energia, ninguém conseguia saber o que estava a acontecer. E com outras palavras, o professor Leid revelou: 

“Eu era o único morador do meu prédio que tinha um rádio antigo, movido a pilhas, por meio do qual pude ouvir as notícias a respeito do apagão”. 

Ele fez uma analogia com o que se passa hoje. E disse que o homem – independentemente de ter ou não acesso à última novidade da Tecnologia da Informação, incluindo a IA – precisa de dispor de sua livre capacidade e liberdade de pensar, utilizando os novos recursos digitais apenas para qualificar suas ideias e opiniões. 

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