Síndrome do fim de ano afeta também crianças e adolescentes; saiba como ajudá-los

Encerramento do ano escolar traz alerta para a saúde mental dos estudantes

Escrito por
Ana Grasieli Lustosa verso@svm.com.br
Legenda: 'Dezembrite' afeta também os pequenos
Foto: Shutterstock

Chegou o fim do ano escolar, período muito esperado e marcado por um misto de emoções para crianças e adolescentes. Para alguns, há o alívio de concluir mais uma etapa e a empolgação pelas férias; para outros, pode surgir o medo de não atender as expectativas colocadas pelos adultos, a pressão por resultados, a tristeza de despedidas ou até mesmo a ansiedade pelo que está por vir no próximo ano.

Nesse contexto, a saúde mental dos estudantes merece atenção especial, por ser um período de encerramentos e transições, que se não for bem gerenciado, pode gerar sobrecarga física e emocional, de forma tão intensa quanto o vivido por nós adultos.

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A síndrome do final do ano, atualmente conhecida como ‘dezembrite’ (ite=inflamação), pode se manifestar também em crianças e adolescentes de formas variadas, com irritabilidade, dificuldade de concentração, aumento na ansiedade, cansaço e até mudanças no comportamento, como isolamento ou agitação. Isso se deve ao acúmulo de responsabilidades escolares, aliado a um contexto social que costuma exigir mais energia emocional, como apresentações escolares, despedidas e a perspectiva de um novo ano letivo com novos desafios.

A atenção deve ser maior ainda com os pequenos, pois normalmente eles têm mais dificuldade para compreender o que estão sentindo, nomear os sentimentos e pedir ajuda. Como os pais podem ajudá-los?

Reduza a pressão

Evite cobranças excessivas nesse período. É sempre importante reconhecer o esforço, valorizar as conquistas e lembrá-los de que cada um de nós temos nosso próprio ritmo. Evite comparações, pois só gera insegurança e ansiedade.

Promova o diálogo e valide os sentimentos

Converse com as crianças e adolescentes, permitindo que expressem suas emoções. Valide seus sentimentos de tristeza, cansaço, ansiedade, ouça sem julgar, assim você fortalece o vínculo e confiança com seu filho

Ensine estratégias de organização

Ajude-os a dividir grandes tarefas em etapas menores, para que não se sintam sobrecarregados. Ensine como dividir o tempo para estudos, lazer e descanso.

Envolva-se no planejamento das férias

É muito importante planejar juntos as atividades para as férias. Além de gerar conexão, traz uma sensação de antecipação positiva, organização do tempo livre e sensação a depois de que as férias e descanso foram bem aproveitados.

Prepare para as transições

 É essencial conversar sobre o próximo ano com as crianças e adolescentes, mostre-os que novos desafios podem ser oportunidades de crescimento, mas sem criar pressões desnecessárias. Ao cuidar da saúde mental de crianças e adolescentes, estamos oferecendo as ferramentas necessárias para que eles não apenas superem os desafios escolares, mas também cresçam emocionalmente fortes e preparados para o futuro.

Vamos convidá-los a refletir sobre o ano, sobre os erros, os acertos, sobre perdas e conquistas. E lembrem-se que para cuidar dos nossos filhos, devemos também cuidar da nossa saúde mental nesse momento.

Cuide-se respeitando seus verdadeiros sentimentos, revisando tudo que foi vivenciado. Não se obrigue a ser “feliz” apenas por ser o fim do ano, também não se cobre por pressa para resolver tudo que não foi resolvido, nesse pouco tempo. O final do ano, é tempo de acolher nossos sentimentos, seja ele qual for, tempo de revistar caminhos, tempo de pausa, e tempo de recomeçar. Respeite seu tempo e o tempo de seu filho.

Sejamos gentis com o nosso sentir...

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.