Saúde mental nas escolas: a do seu filho valoriza isso?

Um dos muitos desafios enfrentados refere-se à necessidade de inserção no projeto pedagógico das escolas, de ações contínuas, constantes e consistentes, de saúde mental

Escrito por
Alessandra Silva Xavier producaodiario@svm.com.br
Foto: Shutterstock

A escola é um espaço construído para formar as novas gerações e manter vivo a produção do conhecimento acumulado, ampliar os processos de compreensão e intervenção do homem sobre si e o mundo. Além disso, a escola, no seu currículo vivo é ambiente de diálogo com a sociedade, com a vida pulsante e desejante da comunidade escolar, conectada com a sociedade em sua diversidade e que revela as tensões, paradoxos, jogos de forças e ambivalências dos projetos de poder que perpassam as decisões sobre conteúdos e experiências no ambiente escolar.

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Um dos muitos desafios enfrentados contemporaneamente, refere-se à necessidade de inserção no projeto pedagógico das escolas, de ações contínuas, constantes e consistentes, de saúde mental que abranja toda a comunidade escolar, pois a prática educativa tem responsabilidades e contribui para a saúde mental na medida em que está incluída no compromisso de uma formação humana integral que garanta o pleno desenvolvimento físico, psíquico e social.

Essas ações devem ajudar adolescentes e crianças a construírem um senso de identidade, fortalecimento de auto estima, que favoreça o protagonismo juvenil, o conhecimento dos direitos e deveres, que permita a capacidade de reflexão e construção de senso crítico, senso ético, ser capaz de estabelecer relações de cuidado e proteção com o meio ambiente, possuidor de uma visão ecológica sobre o entorno, de relacionamento com as diferenças, empatia , solidariedade, diálogo e busca por justiça social, integrar conhecimentos e pensar sobre as grandes questões humanas.

As demandas de saúde mental exigem ainda, inserção no currículo de temas transversais e cuidados relacionados à educação sexual, espaços e projetos de arte, cultura, lazer e esporte, práticas de ensino e avaliação que favoreçam o espírito investigativo em vez do medo e da sensação de fracasso contínuo.

É fundamental o envolvimento da família nos processos educativos, presença e interesses genuínos pelo que se aprende; que exista remuneração adequada dos profissionais da escola com respeito ao descanso, lazer e garantia de condições dignas de trabalho, apoio à formação continuada, além da existência de ambiente com estrutura e espaços saudáveis para o ofício educativo.

Será que a escola possui projetos de saúde mental para o corpo docente, para os funcionários? Será que a escola é inclusiva? Trabalha com a diversidade e uma formação que não permite violência e cultura de ódio? Será que fortalece a solidariedade e os vínculos afetivos?

A escola ameaça, pressiona, construindo sensação de ansiedade e fracasso contínuo ou fortalece a identidade, a autoestima e o desenvolvimento de múltiplas inteligências e abrangência do processo de desenvolvimento? Existe respeito no ambiente educativo? Qual a formação dos professores? Eles gostam de ser professores? Eles se sentem valorizados na escola? Existe área para brincar na escola? Como são os projetos de arte?

Quais os conteúdos e aprendizagens valorizados? Há respeito por diversos campos de saber e inteligência? Existem reuniões frequentes com a família, existe espaço para diversidade, inclusão e pensamento crítico? Existem projetos interdisciplinares? Seu filho receberá uma formação embasada científica e historicamente ou acreditará que a terra é plana, que se a pessoa tomar vacina vira jacaré, que em 1964 houve uma revolução e não um golpe no Brasil?

Existem discussões sobre educação sexual, construção de habilidades emocionais, programas de prevenção à violência? A ênfase é na produtividade e na competição, enquanto antecipação das demandas do mercado por individualismo e eficiência que atropelam processos de desenvolvimento, boicotando muitas vezes a construção de vínculos de amizade, mobilizando solidão, ansiedades, depressões e violências no contexto escolar ou apresenta compromisso inalienável com a justiça social, dignidade e emancipação humana?

Estamos em período de renovar matrícula, escolher escolas. Converse com seu filho, preste atenção, veja se tem amigos na escola, como se sente ao ir e voltar da escola, o que comenta, se tem amigos, o que criou, o que descobriu, se o olho brilha, como são tarefas, os materiais didáticos, as atividades extracurriculares.

Pergunte sobre o dia, tenha livros em casa, conheça os professores, participe das reuniões de pais e professores, visite museus, bibliotecas, teatros com as crianças. Leia junto com seus filhos.

Valorize a educação enquanto possibilidade de ampliar mundos, olhares, de aprender sobre a vida. Atice a curiosidade mostrando que o mundo é grande e não tenha medo se o mundo do seu filho ficar maior que o seu. Questione, pergunte, converse, incentive seu filho a perguntar, a ser curioso sobre o conhecimento, as aprendizagens, a perceber que livros são possibilidades incríveis de expansão da alma, de saúde, de conexão com outros saberes, culturas, de dialogo com os mistérios da vida, de viagens dentro e fora de si.

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