Em um mês, taxas de ocupação de leitos de UTI e de enfermaria crescem no Ceará e acendem alerta

Governo do Estado anuncia a ampliação da rede de assistência a pacientes infectados, com o incremento de 211 leitos de UTI para Fortaleza e Interior

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(Atualizado às 23:59)
Legenda: O aumento do número de leitos ocupados acontece praticamente um mês após o início da temporada de festas de fim de ano
Foto: Helene Santos

A taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva (UTI) destinados a pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 saiu de 63,52%, em 21 de dezembro de 2020, para 71,56% nesta quinta-feira (21), segundo dados do IntegraSUS até 15h02. O aumento acontece praticamente um mês após o início da temporada de festas de fim de ano, mesmo que, à época, o Governo tenha tentado impor medidas para evitar a propagação da doença.

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A pressão sobre o sistema de saúde obriga o Estado a aumentar a disponibilidade de leitos exclusivos para atendimento a pacientes infectados.

Só de terapia intensiva, devem ser acrescidos a hospitais públicos do Ceará, durante os próximos 15 dias, 211 leitos de UTI, sendo 162 na região de saúde de Fortaleza, 19 na do Cariri e 30 na região do Sertão Central.

Neste último mês, a taxa de ocupação de leitos em enfermarias no Ceará também aumentou. Saiu de 39,47% em dezembro, para 46,9% agora.

Separados, os aumentos das taxas de ocupação parecem pequenos, mas, sistematicamente, somados ao aumento da circulação viral e dos registros de óbitos por Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), representam o agravamento da pandemia no Estado. "A gente tem um pico anterior a esse, de novembro, decorrente do momento de eleições", lembra o biólogo e epidemiologista Luciano Pamplona. Desta vez, confirma o especialista, a progressão da pandemia se deve, sobretudo, às confraternizações familiares no fim de ano.

Sob controle

Contudo, na prática, o momento não é tão crítico quanto nos primeiros meses da pandemia. "Quanto mais precocemente (o Governo) disponibilizar esses leitos, mais chance há de salvar as pessoas. Que é o que não aconteceu naquele primeiro momento".

Diante desse cenário, o epidemiologista acredita que, apesar do aumento de internações, as mortes não devem disparar. "Acredito que, nessa segunda onda, a gente vá ter um impacto menor de mortalidade. Porque, além dos profissionais (estarem) mais treinados, a gente aprendeu com a doença. E temos um serviço de saúde que sabe se articular mais rápido".

Keny Colares, consultor em infectologia da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), também acredita que a situação está, até então, controlada. Em pandemias como a de Covid-19, geralmente, a curva de casos confirmados, óbitos e internações segue uma linha horizontal que, de repente, pode se verticalizar.

"Quando isso acontece rápido demais, não tem sistema de saúde que sobreviva. Então, enquanto a curva estiver desse jeito, com um aumento leve, em que a gente pode ir aumentando leito, vai dando pra segurar. Mas, se tiver uma elevação rápida demais, a gente pode passar por aperto de novo", analisa.

O consultor pondera ainda que, neste momento, não é possível dizer, objetivamente, o que tem provocado a progressão da doença. Isso porque a flutuação de melhora ou piora dos índices pode ser influenciada por mais de um fator. "Confunde porque não se sabe se é por causa do comportamento das pessoas quanto às orientações (sanitárias), se tem uma questão da imunidade ou mesmo por influências climáticas", presume.

Prevenção

Independentemente das causas, ambos os especialistas reforçam a necessidade de obediência ao distanciamento social e ao uso da máscara e do álcool em gel para higiene das mãos. "A pessoa acha que a vacina resolve, mas as vacinas estão chegando gotinha por gotinha. Entre chegar a primeira dose e a situação estar controlada vai demorar muito tempo", alerta Keny Colares. "O que temos (218 mil doses da CoronaVac) é muito mais pra mostrar uma esperança do que, de fato, ter vacina pra proteger a população", complementa o epidemiologista Luciano Pamplona.

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