Casos de Covid entre crianças de até 9 anos crescem 7 vezes em janeiro no Ceará

Mais de 3 mil meninos e meninas já foram infectados em 2022, o maior número desde junho do ano passado

Escrito por
Theyse Viana e Lucas Falconery metro@svm.com.br
Risco
Legenda: Risco de complicações pela Covid-19 por falta de imunização afeta, inclusive, crianças sem doenças crônicas
Foto: Helene Santos

A alta de casos de Covid no Ceará tem afetado diretamente as crianças. Só em 2022, até o dia 27 deste mês, 3.160 casos foram confirmados entre pacientes de 0 a 9 anos de idade, número 7 vezes maior do que as 444 infecções registradas em dezembro passado.

Os dados são do IntegraSUS, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), coletados na tarde desta sexta-feira (28). As mais de 3 mil confirmações são a maior quantidade de casos entre crianças desde junho de 2021.

Do início da pandemia, em março de 2020, até ontem (27), o Ceará já soma 41.942 casos de crianças de 0 a 9 anos acometidas pela Covid-19 – 22.963 deles (55%) confirmados em pacientes de até 4 anos de idade.

Em 2022, o padrão se repete: bebês e crianças na primeira infância predominam entre os meninos e meninas que contraíram coronavírus. Dos 3.160 que testaram positivo em janeiro, 1.618 tinham até 4 anos.

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Crianças de até 9 anos morreram de Covid no Ceará, desde o início da pandemia – 120 delas tinham entre 0 e 4 anos.

A faixa etária de 10 a 19 anos também sofreu com o aumento expressivo de contaminações da 3ª onda pandêmica: em dezembro, foram 560 diagnósticos, número que saltou para 5.074 somente nos 26 primeiros dias de 2022, conforme o IntegraSUS. São 9 vezes mais casos.

Os pequenos são infectados pelo coronavírus em um contexto da alta transmissibilidade da variante Ômicron e de imunização incompleta.

Imunização pediátrica
Legenda: Imunização pediátrica protege crianças de casos graves de Covid-19
Foto: Thiago Gadelha

“Ainda tem muita coisa a ser estudada dessa variante no público adulto e, principalmente, no infantil, mas o que se vê até agora é um aumento grande da incidência de casos”, analisa a médica pediatra Vanuza Chagas.

No entanto, os especialistas já sabem que as crianças ainda não imunizadas, mesmo aquelas sem doenças crônicas, podem ser afetadas por formas graves da Covid-19 como a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (Simp). Os sinais podem surgir na 4ª semana após a contaminação viral.

“A Simp como também a Covid longa, que é um quadro em que a criança sente dor de cabeça, fadiga, anosmia (perda do olfato) e estamos vendo casos de prolongamento por até 28 dias”, detalha.

Durante a infecção, são sinais de alerta:

  • Febre elevada e persistente
  • Desidratação
  • Desconforto respiratório
  • Recusa alimentar

O público infantil está em evidência neste aumento de casos de Covid pela falta de imunização, como explica o epidemiologista Luciano Pamplona.

A taxa de transmissão nas crianças não aumentou mais do que na população adulta, o diferencial é que a maior parte dos adultos está vacinada com a 2ª dose, então, a gente começa a perceber esses casos mais na população pediátrica
Luciano Pamplona
Epidemiologista

No contexto de surgimento de novas cepas da doença, a imunização passa a ter maior relevância bem como a velocidade com que a defesa é oferecida.

“Temos de vacinar o mais rápido possível a população pediátrica para que, a partir da 2ª dose, considerá-la protegida. Não protegida da infecção, infelizmente, mas da forma mais grave, da necessidade de internação e de óbitos”, conclui.

Vacinação infantil

A aplicação do imunizante pediátrico contra a Covid, desenvolvido pela Pfizer, iniciou no Ceará no dia 15 de janeiro. Até essa quinta-feira (27), 69.111 crianças receberam a primeira dose da vacina, 19.788 delas em Fortaleza.

A meta, conforme estimativa da Sesa, é que 904.624 meninos e meninas de 5 a 11 anos de idade recebam a proteção vacinal no Ceará, quase 265 mil somente na Capital.

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