Adoções de animais domésticos diminuem e abandono aumenta, apontam ONGs de Fortaleza

Outro desafio para as instituições foram as dificuldades financeiras, o que perdura até o atual momento

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(Atualizado às 22:41)
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Legenda: A redução do poder aquisitivo de uma parcela da população agravou ainda mais a situação do abandono
Foto: Arquivo pessoal

Abrigos e ONGs de proteção animal convivem diariamente com diversas dificuldades para conseguirem atuar. A pandemia de Covid-19 no Ceará intensificou estes desafios, como a falta de recursos financeiros para manutenção e o aumento dos índices de abandono de animais. Segundo as ONGs Lar Tintin e Abrigo São Francisco, aliado a isso, o número de adoções diminuiu em relação ao mesmo período do ano passado.    

“A procura por adoção foi pouca, e a que teve não foi aprovada, porque muita gente queria animal só para distrair as crianças. Nós concluímos só 3, e foram ótimas adoções porque somos muito rígidos nessa parte”, relata Viviane Lima, presidente do Lar Tintin. Em igual período do ano passado, de março a setembro, a ONG registrou um total de 10 adoções. 

Outro desafio para as instituições foram as dificuldades em conseguir suporte econômico. “A questão de ajuda financeira na pandemia foi bem ruim e agora está pior, porque parece que agora que está repercutindo mais na situação financeira das pessoas”, diz Viviane. 

“Alguns doadores que sempre ajudaram e tiveram suas rendas comprometidas na pandemia pararam de ajudar e alguns ainda não voltaram, não conseguiram se estabilizar por completo”, reforça Beatryz Ketlyn, estudante de direito e voluntária do Abrigo São Francisco. Ela conta ainda que a forma de superar esse obstáculo empregada pelo Abrigo foi com campanhas em massa nas redes sociais. 

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Legenda: Estratégias foram desenvolvidas para movimentar as adoções de cães e gatos
Foto: Arquivo pessoal

Abandono 

Para as integrantes das ONGs, a causa do aumento dos abandonos durante a pandemia não foge do que normalmente já acontece. “O motivo é o mesmo de sempre, pessoas que não pensam na carga de responsabilidades que o animal traz consigo, querem um bicho de pelúcia, pequeno, bonitinho, que não faz cocô, não dá trabalho, não precisa de cuidados ou assistência veterinária e querem um padrão que não temos”, declara Beatryz. 

O agravante é que, com a redução do poder aquisitivo de uma parcela da população, a situação se intensificou. “Eu acredito que foi mesmo desespero das pessoas porque muita gente ficou sem trabalho, muita gente passou grandes dificuldades, e sempre o primeiro a perder são os animais. Eles são muito vistos como supérfluos, descartáveis. Sempre que a coisa aperta, ou que vai se mudar, nunca cabe o animal”, informa Viviane. 

Adoção  

Mesmo em números reduzidos, cada adoção reflete um olhar positivo sobre as perspectivas futuras. Esse é o caso da família do estudante de engenharia de computação, Hugo Brasileiro, que resolveu adotar uma companhia para Ninno, o bichinho de estimação da casa.“Pupi é um pinscher que adotamos. Ele era de outra família, mas por ser comprado como “pinscher mini” e depois descoberto como pinscher alemão, a família anterior acabou não se adaptando ao cachorro, que cresceu muito”, conta. 

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Legenda: A decisão evitou que o animal passasse por diversas casa até achar um lar definitivo
Foto: Arquivo pessoal

À princípio, a mudança de casa fez com que o animal estranhasse o novo lar, o que foi resolvido em pouco tempo. “A partir do segundo dia já estava feliz da vida, brincando com Ninno”, diz o estudante. 

Sobre o abandono de animais, Hugo reforça que é importante refletir sobre as possibilidades de receber um animal em casa. “Acredito que as pessoas não devem abandonar os animais, e pra isso, devem pensar direitinho se realmente querem um pet, ou se só estão adotando por impulso ou por achar bonitinho”. 

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