Trabalho de conclusão de curso vira mostra feminina de cinema na Unifor

O olhar e o protagonismo feminino no audiovisual são destaque na primeira edição da Mostra Alencarinas

Escrito por Ana Beatriz Farias , beatriz.farias@tvdiario.tv.br

Espaço para ser ocupado por mulheres, sejam elas realizadoras de produtos audiovisuais ou não, a Mostra Alencarinas apresenta ao público sete curtas metragem e um longa, este último feito por Jane Malaquias, homenageada desta primeira edição.

A iniciativa de pôr de pé um evento que desse mais visibilidade às mulheres do universo cinematográfico veio de Emily Guilherme, graduanda do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor. "Pra mim, um trabalho só teórico não seria suficiente e fazer um filme não seria tão abrangente, então eu decidi fazer uma mostra que juntasse o teórico da produção cultural e curadoria ao cinema", explica a estudante. Para realizar tudo que fora planejado, Emily contou com o apoio de uma equipe formada por parceiras voluntárias. "Jamais poderia ter feito só, até porque a mostra realmente busca promover uma união de mulheres para conseguir os seus objetivos maiores, portanto eu só realizaria isso com a ajuda das outras meninas", comemora.

Gênero e política

Entre as realizadoras que facilitaram o processo de tornar concreta a ideia da mostra, está a jornalista Lia Mota, atuante nos processos de produção, curadoria e comunicação do evento. De acordo com ela, a curadoria fez questão de abordar temáticas consideradas mais atuais: "um filme que foi feito há dez anos, às vezes, não diz sobre o que a gente quer pautar, apesar de ter sido produzido por mulheres. A gente buscou temas urgentes, políticos. A mostra é política. É cinema, é feito por mulheres e é, acima de tudo, política. A gente quis trazer isso também para a temática dos filmes".

Além dessa preocupação relativa ao conteúdo que vai às telas, há a decisão editorial de contemplar diferentes tipos de mulheres realizadoras de audiovisual. "É outra área em que a gente procura ser plural. Por exemplo, a gente homenageia a Jane Malaquias, uma mulher que começou a fazer cinema na década de oitenta, e também traz meninas que ainda estão na faculdade". Entre as estreantes, está Nadine Ribeiro, estudante de cinema da UFC, que apresenta o filme "Ensaio sobre a insatisfação". Para ela, estar na mostra é uma forma de ganhar mais visibilidade: "eu acho que existe a oportunidade de mostrar o que a gente tá fazendo e também muito do que a gente quer falar como estudante. Esse espaço tem que ser aproveitado".

Outras iniciativas também ganham destaque na mostra, como é o caso da exposição fotográfica feita por Joyce Vidal e da feirinha de empreendedorismo feminino realizada dentro do evento. "Estamos falando de cinema, mas, ao mesmo tempo, estamos falando de formas de existir nos espaços e essa questão do empreendedorismo tem tirado muitas mulheres do lugar de subalternidade. Empreender é uma forma de se colocar no mundo com sua linguagem", pontua Marina Holanda, produtora, comunicadora e curadora da primeira Mostra Alencarinas.

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