Roteiros para cinema são avaliados por júri inteiramente feminino em evento virtual

Mostra de Artes do Porto Iracema conta com avaliação de seis roteiros

Escrito por Redação ,
Esta é uma imagem do filme “Yellowcake”
Legenda: Roteiro do filme “Yellowcake” foi produzido durante o Laboratório de Cinema do Porto Iracema das Artes
Foto: Reprodução

Com o tema "Seis novas histórias do Cinema Brasileiro", a 8° edição da Mostra de Artes do Porto Iracema (MOPI) exibe, no próximo sábado (29), a partir das 9h, o pitching de roteiros produzidos no Laboratório de Cinema da Escola. O evento acontece pela primeira vez em formato virtual e contará com um júri inteiramente feminino. 

Com nomes do cinema local, regional e nacional, a mostra apresenta seis roteiros: “O homem no teto”, de Davi Siqueira e Vinícius Cabral; “O último corte”, de Ana Luiza Rios e Giovanna Campos; “Vou beijar-te agora”, de Émerson Maranhão e Demitri Túlio, e “Yellowcake”, de Celina Ximenes e Larissa Estevam - na categoria Ceará - e “A Estrada do Tempo”, de Fernando Serravalle; e “O Barco e o rio”, de Bernardo Ale Abinader, das categorias Nordeste e Nacional, respectivamente. 

“Foi um processo de aprendizagem muito rico no qual eu aprimorei meu olhar artístico e compreendi melhor a arte de contar histórias por meio de roteiro”, compartilha o cineasta e professor Bernardo Abinader. No projeto, o amazonense aborda o avanço da religião evangélica no Estado do Amazonas e como essa instituição cerceia as possibilidades das mulheres e pessoas LGBTQI+. 

Esta é uma imagem do filme “O Barco e o rio”
Legenda: Filme “O Barco e o rio” aborda o avanço da religião evangélica no Estado do Amazonas e como essa instituição cerceia as possibilidades das mulheres e LGBTQI+
Foto: Reprodução

Os projetos desenvolvidos na Escola compartilham, de alguma forma, a temática dos dramas familiares, que foram intensificados durante o período de distanciamento social, explica a coordenadora do Laboratório de Cinema, Lis Paim. 

“Nesse período da pandemia, as pessoas se voltaram para dentro de suas casas, para dentro de suas questões, para as histórias de suas famílias. De certa forma, alguns projetos atravessam esse lugar temático desses que estão agora no Laboratório, mas não só. Eles vão para além também”, afirma.

Essa influência do contexto atual pode ser identificada com mais facilidade no projeto “O Homem no Teto”, produzido por Davi Siqueira e Vinícius Cabral. No roteiro, os cineastas buscaram questionar sobre os efeitos da pandemia para além da doença, refletindo sobre os impactos do distanciamento social na saúde mental das pessoas. 

Esta é uma imagem do filme “O homem no teto”, de Davi Siqueira e Vinícius Cabral
Legenda: Filme “O homem no teto" participa do pitching de roteiros do Laboratório de Cinema neste sábado (29)
Foto: Reprodução

“Todos tivemos que nos reinventar nesse momento, o nosso processo de escrita teve que se alterar para o nosso novo olhar do mundo. O roteirista escreve imagens e ações, então precisamos ver coisas novas para influir no nosso trabalho, então foi um processo de revolução essa missão repensar em como escrever esse roteiro sem sair de casa”, conta Vinícius Cabral.

Desafios

É a primeira edição do Laboratório de Cinema na modalidade virtual. Apesar das mudanças e dos desafios impostos pela falta do contato físico, a coordenadora acredita que em função das características do trabalho de escrita dos roteiros, geralmente um ato introspectivo, o formato remoto provocou um impacto menor em relação a outras linguagens artísticas. 

Lis Paim pontua, porém, que uma das características do laboratório é justamente incentivar a construção coletiva dos roteiros. Por essa razão, os quatro projetos do Ceará são escritos em duplas. Nas aulas presenciais, os roteiristas produzem em mesas compartilhadas, a fim de facilitar a troca de ideias durante o processo criativo. 

“O laboratório tem uma proposta de tirar o roteiro desse lugar de visão solitária, de um autor que fica enclausurado em casa escrevendo, e trazer ele muito mais para uma roda de construção coletiva”.
Lis Paim
Coordenadora do Laboratório de Cinema do Porto Iracema das Artes

O pitching virtual da 8° edição da MOPI conta com um júri inteiramente feminino, trazendo nomes de destaque do cinema nacional. Vão dialogar ao vivo com os roteiristas as convidadas Bárbara Santos, atriz indicada ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2020; a roteirista e script doctor Camila Agustini; Tereza Gonzalez, diretora sênior do ViacomCBS International Studios (VIS) e Victoria Castelli, diretora de desenvolvimento da Pródigo Films. 

“Fico bem feliz com o júri, acho que são personalidades muito potentes e importantes de se ter no evento, fazendo dessa apresentação um importante momento para nossas carreiras enquanto cineastas, e eu me sinto muito animado em ter chegado até aqui, é uma sensação de finalização extremamente gratificante, mas, ao mesmo tempo, um pouco nostálgico e cheio de saudade”, completa o roteirista Vinícius Cabral.

 

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