Pesquisadores debatem sobre cultura alimentar cearense em série de lives

Evento virtual faz parte do 3º Laboratório de criação em cultura alimentar, promovido pela Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco

Escrito por Redação ,
Esta é uma imagem de Búzios
Legenda: Bárbara Maiara se propôs a inovar na na criação de produtos com o búzios a partir do resgate dos saberes das marisqueiras
Foto: Divulgação

Comer não é uma prática que se limita somente à alimentação do corpo. Comer também é cultura. Partindo desse conceito, a Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco está promovendo uma série de lives para mostrar novas perspectivas de pesquisa no campo da cultura alimentar cearense. A ação faz parte do 3º Laboratório de criação em cultura alimentar e gastronomia social.

A programação desta semana inicia com a convidada Bárbara Maiara, que compartilha, a partir das 16h, sua pesquisa na Comunidade do Farol, em Itarema. Durante o laboratório, a pesquisadora se propôs a inovar na criação de produtos com o búzios a partir do resgate dos saberes das marisqueiras, apresentando, entre os resultados, um protótipo para a conserva do alimento. 

O objetivo da pesquisa era fortalecer o produto das marisqueiras, de modo a promover conexões que fizessem elas alcançarem novos mercados, novas oportunidades e perspectivas de negócios, explica Bárbara.

"Comida conversa com nossa ancestralidade, as peculiaridades da nossa região, as memórias afetivas carregadas por cada preparo e o Laboratório de criação vem para unir a essa luta".
Bárbara Maiara
pesquisadora do 3º Laboratório de Criação em Cultura Alimentar

Já o encerramento do evento virtual acontece nesta terça (25), com Breno Veríssimo. Sua pesquisa se propõe a divulgar e explorar as possibilidades da araruta e a ligação da fécula com a história de seu povo no assentamento Várzea do Mundaú, em Trairi. A planta havia sido esquecida por sua comunidade, passando a ser substituída por outros tipos de farinha. 

“Eu nunca pensei que fosse passar por uma experiência que fosse revolucionar tanto o meu o modo de ver a gastronomia, bem como o das pessoas ao meu redor. No meu assentamento não tinha esse debate. As pessoas faziam a cultura alimentar, mas não sabiam o que era o termo cultura alimentar”, compartilha Breno Veríssimo.

Esta é uma imagem de Breno Veríssimo, pesquisador do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia Social
Legenda: Breno Veríssimo desenvolveu pesquisa sobre o uso da araruta no seu assentamento Várzea do Mundaú, em Trairi
Foto: Divulgação

No laboratório, Breno elaborou materiais gráficos e audiovisuais que trazem a história da araruta, além de trazer instruções sobre plantio e receitas com produtos já existentes no quintal dos moradores do assentamento. O pesquisador lembra ainda que a araruta produz uma fécula indicada para pessoas celíacas, isto é, alérgicas a glúten. 

Além de incentivar o consumo e o plantio da araruta, a pesquisa também buscava mostrar a planta como uma possibilidade de renda extra. “Essa passagem pelo laboratório acabou fortalecendo a nossa cultura alimentar, fortalecendo a nossa cultura e as lutas que temos dentro do assentamento”, acrescenta.

Cultura alimentar

O evento virtual visa conectar as pessoas com as propostas do laboratório, de modo que elas entendam um pouco mais sobre a realidade dos pesquisadores e de suas comunidades.

Segundo a coordenadora do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia Social, Uliana Lima, a intenção do projeto não é só mostrar do que as pessoas se alimentam, mas como o alimento é cultivado e quais os modos tradicionais de vida para que ele chegue no prato das pessoas. 

“Quando a gente começa a viajar por outras regiões do Estado do Ceará, vamos percebendo que elas têm uma cultura alimentar que é diferente da nossa”, diz.
Uliana Lima
coordenadora do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia Social

Esta é uma foto da conversa de ostra desenvolvida no Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia Social
Legenda: Luciana Santos desenvolveu uma conversa de ostras durante sua participação no Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia Social
Foto: Divulgação

“Por exemplo, no quilombo no Cumbe, eles fazem um passeio que se chama 'cumê no mato', em que você passa por uma região de mangue, aí você cata a ostra, para e come essa ostra assada. Ostra assada é uma coisa que eu nunca tinha experimentado antes e que lá é super habitual para eles”, exemplifica. 

O laboratório propicia que profissionais da gastronomia entrem em contato com os pesquisadores de comunidades do Estado a fim de melhorar ainda mais processos e produtos que já fazem parte desses territórios, valorizando os meios tradicionais já empregados pelos moradores. 

“É voltar para as nossas ancestralidades, olhar para o que era a nossa cultura e tentar resgatá-la e preservá-la para que os nossos se alimentem de maneira melhor, para que os nossos se alimentem de uma forma mais consciente”, finaliza a coordenadora.

Serviço

Segunda (24) e terça-feira (25), às 16h, no Instagram da  Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco 

 

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