Octavia Spencer é protagonista em "Ma" e traz personagem vingativa; veja crítica

Em mais uma parceria com Tate Taylor, o longa estrelado pela estadunidense estreia nos cinemas nesta quinta (30)

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.dadelha@diariodonordeste.com.br
Legenda: Sue Ann, protagonista, assusta com atitudes obsessivas

Apostar em grandes nomes para fazer a diferença na produção de filmes pode parecer uma escolha com garantia de sucesso. Quem vê, por acaso, o material de divulgação do filme "Ma", por exemplo, pode julgar que terá uma boa experiência em frente às telas do cinema, já que Octavia Spencer, atriz premiada com um Oscar em 2012, é a protagonista da película com data de estreia marcada para esta quinta (30).

No entanto, esta fórmula já falhou muitas vezes e, nesse caso, não é muito diferente. Em mais uma parceria com o diretor Tate Taylor, com quem trabalhou no filme "Histórias Cruzadas" em 2011, Spencer mostra como um roteiro fraco e perdido pode ofuscar atuações.

No longa, ela interpreta Sue Ann, uma mulher solitária e moradora de uma pequena cidade do estado de Ohio, nos Estados Unidos. Tudo muda após o encontro dela com Maggie e uma turma de adolescentes. Após fornecer bebidas aos jovens e convidá-los para festejar dentro de casa, ela acaba se mostrando obcecada e passa a complicar a vida dos jovens.

História perdida

Acompanhar a história de um filme de terror é, quase sempre, esperar pelo próximo susto ou pulo da cadeira. Não é o que acontece por aqui.

Em um enredo com contornos promissores no início, o espectador presencia dentro da sala de cinema, sem muito esforço, como um roteiro pode se tornar vazio e perdido.

Não muito longe da metade do longa, "Ma" se esforça arduamente para construir os personagens em cena e também conduzir o momento de afeição por parte dos que acompanham a história. Quando poderia ficar ainda mais interessante, é justamente onde ocorre a ruptura: uma situação em que o filme derruba qualquer expectativa gerada em torno dele mesmo.

O principal fator capaz de empobrecer a história é a construção da justificativa para os atos da personagem principal. Deixa a sensação de uma vingança sem fundamentação.

Resoluções

Em entrevistas de divulgação, Spencer falou sobre os motivos de ter embarcado novamente em uma parceria com Taylor e sobre apostar em um gênero novo na carreira.

Segundo ela, mulheres e homens brancos sempre possuíram preferência em papéis mais interessantes no cinema e o desejo de mudar isso foi grande para ela durante muito tempo. Além disso, a estadunidense comentou sobre fazer algo diferente após receber diversos convites para papéis similares nos quais já atuou.

Entretanto, ainda que a intenção e a qualidade de Octavia não possam ser questionadas, o filme não chega a fazer justiça às outras produções integradas pela atriz. Na contramão, todo o arco revelado no último ato transforma a personagem em algo raso.

Claro, talvez seja injusto tachar a nova aposta da produtora Blumhouse como uma completa perda de tempo. Para aqueles que procuram uma história descompromissada e com fáceis resoluções, vale a compra do ingresso.

Se esse não é o caso, ele pode ser oportunidade de ver o trabalho de Octavia ou para divertir, ainda que minimamente.