Novo livro do poeta cearense Bruno Paulino, "Breviário" busca transcendência em meio ao cotidiano

Exemplar é o segundo título da trilogia "Celebração do divino mistério" e será lançado virtualmente em 14 de agosto, dia do aniversário de Quixeramobim, cidade natal do autor

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: A trilogia poética que Bruno Paulino propõe, tendo "Breviário" como segundo título da coleção, se sustenta no diálogo intenso entre a religiosidade e a poesia
Foto: Tarcísio Filho

A busca pelo absoluto, a transcendência e o divino no cotidiano é a espinha dorsal do novo livro do escritor cearense Bruno Paulino. "Breviário" dá sequência ao projeto estético-poético do autor, sustentado na sentença da regra de São Bento  – "Ora et labora", em latim. "Creio que toda boa poesia resulta de oração e trabalho, ou melhor dizendo, de inspiração e trabalho", afirma o poeta, em entrevista ao Verso.

Não à toa, essa procura guiada por sentidos e inspirações além-barreiras traduz-se numa engenhosa mistura do telúrico com o espiritual no mais recente exemplar assinado por Paulino. O lançamento da obra acontece no dia 14 de agosto, às 18h, por meio de transmissão ao vivo no perfil do autor no facebook. A data é especial: será quando Quixeramobim, cidade do Sertão Central do Ceará onde Bruno nasceu, festejará 164 anos de fundação.

Na ocasião do lançamento, participarão outros escritores que auxiliaram na composição do livro. Carlos Emílio Correia de Lima, que assina a apresentação; a poeta Lisiane Forte, que escreveu as orelhas da obra; e o poeta Mailson Furtado, responsável por uma atenta leitura do exemplar, estarão juntos no momento. Outro poeta cearense, Dércio Braúna – que ajudou no projeto gráfico do livro e com quem Bruno sempre conversa para pensar os conceitos dos trabalhos – também deve integrar esse time.

"Como ensinou Manuel Bandeira: a poesia se encontra tanto nos amores como nos chinelos, está tanto nas coisas lógicas como nas ilógicas. Quando escrevo poemas, é essa busca pelo 'não-lugar-comum' que me motiva. A poesia é um milagre do humano", considera Bruno acerca de seu ofício.

Silêncio e prece

A ideia para "Breviário" – que chega ao público por meio da Lua Azul Edições e já pode ser adquirido mediante contato com o autor pela internet – surgiu naturalmente logo após a publicação de "Ofertório dos Pássaros", no ano passado. 

As duas obras, inclusive, fazem parte de um projeto maior, uma trilogia denominada "Celebração do divino mistério" – cujo título final, "Salmos para orquestrar silêncios", apesar de já contar com alguns poemas prontos, ainda não tem previsão de lançamento.

"A trilogia poética que proponho se sustenta no diálogo intenso entre a religiosidade e a poesia, na conversação com outros poetas – tão humanos, tão profanos", detalha Bruno. "É inspirada, sobretudo, na sabedoria que emana da vida dos santos".
 

Trata-se, assim, de uma evocação mística dos acontecimentos corriqueiros, um desejo pelo delírio do verbo. Desse modo, também configura-se como uma singela celebração do divino mistério das palavras.

Levando em conta esse contexto, o poeta explica de onde partiu a inspiração para o título do segundo trabalho da coleção. Originalmente, o breviário é um livro litúrgico, que contém textos para uso de religiosos – tais como salmos, hinos, preces e trechos de estudos. 

"Nos mosteiros, é lido nas diversas horas de oração ao longo do dia. Daí, me veio a ideia de construir uma obra onde a poesia pudesse ser esse lugar de orientação, silêncio e prece no correr frenético de nossos dias tão desumanos", situa Bruno.

Detalhes

De fato, a cada virar de páginas do livro, fica bastante claro que o intento do autor é fazer a audiência se debruçar sobre uma atmosfera constantemente meditativa, que conclama ao mergulho no mais íntimo

Numa referência a versos de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), o poema “cântico da madruga”, por exemplo, assim sussurra: “primeiro foi um olhar tolo/ depois eu descobri/ as reticências/ e os incensos”.
 
Por sua vez, em “ancestralidade”, Paulino veste-se de todos que vieram antes dele para evocar pluralidades. 

“padre cícero é meu bisavô,/ no meu sangue corre um misto de crenças:/ sou cacique, milagreiro, negro fugido,/ sou um cariri que quase foi dizimado/ cuja alma não se deixa aprisionar”

Desse misto de referências, homenagens e alimentos espirituais – além de João Cabral, ganham amplitudes na obra Adélia Prado, Vinícius de Moraes, entre outros autores – ficam as expectativas de apreciação do material nos percursos da literatura e da vida. 

“Espero que os leitores de ‘Breviário’, ao terem contato com os poemas, sintam-se convidados à meditação, ao silêncio, à pausa, à conversa consigo mesmo e à busca pelos mistérios das coisas através da ótica da poesia”.

Serviço
Lançamento do livro “Breviário”, de Bruno Paulino
Dia 14 de agosto, às 18h, no perfil do autor no facebook

Breviário
Bruno Paulino

Lua Azul Edições
2020, 65 páginas
R$ 20

 

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