Natal: o que fazem os Papais Noéis ao longo de todo o ano?

Em Fortaleza, homens que representam o "bom velhinho" mantêm rotinas comuns e de preparação para a agitação do mês de dezembro

Escrito por Redação ,
Legenda: Ariston Melo trabalha como caminhoneiro ao logo e começa a preparação para se personificar no Papai Noel cerca de seis meses antes de dezembro
Foto: Foto: reprodução

Todo fim de ano o clima é semelhante aos anteriores. Árvores de Natal enfeitam as casas, músicas sobre união ecoam nas rádios e os papais noéis são vistos em eventos, atendendo crianças nos shoppings e até mesmo nas reuniões familiares. Mesmo que a figura mágica seja uma tradição natalina, existem pessoas reais por trás da fantasia e que se dedicam, de fato, a espalhar o conto, além de animar as celebrações. Osvaldo Wagner, de 74 anos, e Ariston Melo, de 57 anos, são duas das personificações do "bom velhinho" em Fortaleza. No entanto, o questionamento quando chega o fim desse período é outro: como eles vivem após a noite natalina?

Osvaldo Wagner nasceu em São Paulo e é filho de mãe lituana e pai alemão. Desde pequeno crescendo no ambiente de uma fábrica de brinquedos, onde os pais trabalhavam, viu a história do Papai Noel viver na mente por conta mãe, que fazia questão de se fantasiar como tal. Foi só após o falecimento dela que decidiu manter a tradição dentro de casa e nem imaginava que descobriria a vocação para trabalhar com o personagem. Na época, há 17 anos, havia deixado o cargo de vendedor no emprego formal e os fios brancos tomavam o rosto. Após ser confundido com a figura do bom velhinho, resolveu investir na profissão e saiu da representação simples, dentro de casa, para partir fazendo presença em eventos e festas.

Legenda: Osvaldo é aposentado e conta se permitir ficar sem barba e cabelos brancos durante o início do ano
Foto: Foto: divulgação

Mesmo dedicado ao posto durante o mês de dezembro, ele conta que tudo muda após a noite oficial de Natal. "Meu cabeleireiro brinca que sou cliente de uma vez só. Já é tradição, eu vou até o salão e tiro tudo. O Papai Noel tem que "sumir do mapa" depois desse dia", explica. Apesar de se desligar dessa função neste momento, ele se prepara durante todo o ano. Atualmente aposentado, ele montou uma empresa que gerencia os trabalhos do fim de ano aqui em Fortaleza e inicia os preparativos por volta de agosto/setembro. Um dos filhos, inclusive, ajuda no gerenciamento e faz as fotos oficiais. No resto do ano, tudo se resume a consolidar os ganhos e seguir nos planejamentos.

Enquanto isso, Ariston também segue a mesma linha. O apelido de Papai Noel já havia sido intitucionalizado no convívio com os amigos caminhoneiros, profissão do mesmo. No entanto, abraçar a ideia e atender as crianças é algo recente, escolhido há cerca de dois anos. "Eu trabalhava com transporte no Maranhão e lá alguns colegas me falaram dessa semelhança por conta da barbicha e cabelos brancos", explica.

Segundo ele, uma visita com o filho ao shopping o levou a conhecer o Papai Noel na época e um conselho abriu os olhos para a possível carreira. Hoje em dia, ele mantém uma conta no Instagram para compartilhar os momentos junto aos pequenos, que contam desde pedidos singelos a brinquedos modernos. 

Já sobre os outros dias do ano, ele revela continuar exercendo o ofício de caminhoneiro em Fortaleza. A caracterização como Papai Noel é abandonada logo após o dia 25 de dezembro com o intuito de retomar as atividades cotidianas. "Trabalho fixo aqui em Fortaleza carregando os produtos de uma empresa local. Só em dezembro que paro meu caminhão e corro para os compromissos da época de Natal", relata. O curioso, ele conta, está no fato de que, ao longo do ano, é necessário manter uma dieta durante seis meses para manter as formas do Noel.