Médicos orientam gestantes sobre planejamento do parto e puerpério durante período de pandemia

Para enfrentar este momento de pandemia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) elaborou uma série de dicas para as futuras mamães

Escrito por Redação ,
Legenda: Gestação, parto e puerpério necessitam de atenção especial por causa do coronavírus
Foto: Banco de Imagem

Atenta às inseguranças sobre o impacto do coronavírus no parto e no puerpério, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) preparou uma série de recomendações para auxiliar gestantes, desde a escolha do hospital, chegada à maternidade aos cuidados neonatais.  

A entidade aponta ainda que o novo coronavírus não é o único agente que pode impactar a saúde de mãe e filho, sendo fundamental a mais completa assistência. Portanto, os ginecologistas Alberto Trapani e Sheila Koettker Silveira, coordenadores da Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério da federação orientam sobre a segurança do parto hospitalar e os impactos da exposição ao vírus.

Até o momento, não há dados que sugiram que a Covid-19 seja causa de aborto, malformação fetal ou de outras complicações obstétricas. Para o nascimento do bebê, a principal indicação é adiar o parto sempre que possível, caso a gestante apresente queixas respiratórias. No entanto, a interrupção exclusivamente por causa do coronavírus pode ser necessária em casos graves para melhorar a oxigenação materna.

Escolha da maternidade  

A gestante que não tiver sintomas de Covid-19 pode manter sua opção quanto à escolha da instituição para seu parto. Caso apresente sintomas, a futura mãe deve discutir com seu médico o melhor hospital. Essa escolha deve levar em consideração a equipe assistencial qualificada, os equipamentos adequados, a disponibilidade de laboratório e exames de imagem, banco de sangue, leito de isolamento, UTI neonatal e de adulto.

Chegada à maternidade  

A maior parte das maternidades já estabeleceram um fluxo de atendimento para reduzir ao máximo o risco de transmissão. Em todo caso, os cuidados de prevenção devem ser os mesmos adotados fora do ambiente hospitalar: evitar contato próximo com as pessoas (manter distanciamento de pelo menos 1,5 metros), higienização frequente das mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou o uso de álcool gel 70%, evitar tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos não lavadas, não compartilhar copos, talheres e objetos de uso pessoal, cobrir boca e nariz com lenço de papel ao tossir ou espirrar e usar máscara se houver sinais de gripe.

Além disso, deve-se evitar acompanhantes ou visitas menores de idade ou com mais de 60 anos, portadores de qualquer sintoma respiratório, febre ou doenças crônicas. Recomenda-se também que se abstenha da presença das doulas.

Parto normal ou cesárea?  

Ainda não há confirmação científica de que possa ocorrer a transmissão do vírus para o feto no momento do nascimento. O parto normal é sempre preferível, mas a indicação deve seguir as características de cada caso. O médico deve definir o que for mais seguro para a parturiente e seu filho. Independentemente da via de parto, alguns cuidados devem ser tomados nos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo coronavírus para evitar a disseminação da doença, tais como manter a parturiente em quarto de isolamento, o uso de máscara cirúrgica durante toda a internação e a amamentação, suspender o contato pele a pele após o nascimento e dar banho precoce no recém-nascido.

Visitação  

As regras para visitação são determinadas por cada instituição, de acordo com suas características. O ideal é evitar as visitas, tanto no hospital, quanto em casa.

Qual o risco de a criança contrair o vírus na maternidade?  

Os poucos casos descritos de infecção do recém-nascido sugerem que ocorreu após o nascimento, sendo necessária a implementação de medidas que diminuam a transmissão.  

Puérperas (mulheres que deram à luz há poucos dias) com infecção pela Covid-19 (suspeita ou confirmada), devem ser mantidas em quarto de isolamento individual. Se a mãe estiver com quadro clínico estável e o recém-nascido for assintomático, ele poderá ficar junto com a mãe em alojamento conjunto, desde que haja possibilidade de manter a distância mínima de dois metros entre o leito da mãe e o berço.  

Parto domiciliar pode ser uma alternativa eficaz para diminuir os riscos de contaminação pelo novo coronavírus?  

Essa ideia é equivocada. À luz das pesquisas científicas, está bem definido que o parto realizado em ambiente hospitalar é capaz de assegurar melhores chances de cuidado à vida e à saúde da parturiente e do nascituro, sendo, portanto, mais seguro. Observa-se ainda que os riscos de um parto domiciliar são muito maiores do que os eventuais riscos de contaminação pelo novo coronavírus em uma maternidade.  

Cuidados no puerpério  

A entrada de acompanhante e de visita com fator de risco, com sintomas respiratórios ou com contato com pessoa sintomática deve ser evitada. A alta mais precoce, desde que as condições maternas e fetais possibilitem, deve ser estimulada para diminuir o tempo de permanência em ambiente hospitalar.

Recomenda-se os cuidados normais de higiene e as práticas de isolamento social definidas pelas autoridades de saúde. A amamentação deve ser realizada normalmente.

Cuidados adicionais para o puerpério caso a mãe esteja com Covid-19

Como o vírus é altamente contagioso, é extremamente importante que a mãe tome cuidado ao manusear o bebê. As mulheres portadoras da Covid-19 que desejam amamentar e estejam em condições, devem ser estimuladas a fazê-lo e tomar as seguintes precauções para evitar a disseminação viral para o recém-nascido: lavar as mãos antes de tocar no bebê, em bomba extratora de leite ou em mamadeira; usar máscara facial durante as mamadas; seguir rigorosamente as recomendações para limpeza das ordenhadeiras após cada uso.

No intervalo entre as mamadas, o berço deve permanecer a, pelo menos, dois metros da mãe. Caso a mãe opte por não amamentar, existe a opção de extrair o leite manualmente ou usar bombas de extração de leite após higiene adequada. Um cuidador saudável poderá oferecer o leite ao bebê.

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