Médicos alertam sobre segurança das crianças no contato com os brinquedos

Os brinquedos para as diversas faixas etárias da infância exigem atenção dos pais quanto à segurança no modo de usá-los. O contato pode ter riscos à saúde, em especial quando envolve peças muito pequenas, tintas tóxicas e laser

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: A utilização dos diferentes brinquedos ajuda a estreitar o contato entre pais e crianças
Foto: Fotos: Natinho Rodrigues

Fim das festas de passagem de ano, as crianças seguem de férias e é tempo de aproveitar os presentes recebidos. A situação, no entanto, exige muita atenção por parte dos pais. A depender da faixa etária dos pequenos, é necessário mediar a brincadeira, com foco na segurança.

Com os bebês e crianças de até 6 anos de idade, os cuidados são voltados aos materiais aplicados na estrutura. Peças muito pequenas, por exemplo, fáceis de serem engolidas, ou composição por tintas tóxicas podem oferecer riscos à saúde.

Para a pediatra Fernanda Colares, professora do Curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, as crianças que estão na "fase oral", de 0 a 3 anos, merecem atenção distinta nesse sentido. Como tudo o que elas pegam, tendem a colocar na boca, correm o perigo de provocar uma obstrução séria no organismo.

Há brinquedos que não são feitos de peças tão pequenas, mas têm uma parte desmontável que a criança pode engolir. Principalmente os produzidos com ímãs. Se a criança engole um ímã, pode dar até perfuração intestinal", exemplifica Fernanda.

Para os mais grandinhos, o uso de bicicleta, de skate ou de patinete vai exigir equipamentos de segurança. Segundo a pediatra, o cuidado não tem a intenção de tornar a brincadeira um fardo, mas de prevenir acidentes graves.

Para ela, usar capacetes, cotoveleiras, tornozeleiras e joelheiras, nesses casos, não têm "nada de outro mundo. A gente não vai impedir ninguém de brincar, mas vamos seguir essas recomendações pra que a diversão seja saudável. Caso a criança se machuque, que seja aquele ferimento comum do movimento da infância, e nada grave que precise de hospitalização. O ralado no joelho é um tipo de marca que faz parte do aprendizado", pondera.

Quedas e feridas são consequências e fazem parte do "descobrimento típico" do período da infância, reforça Fernanda. No entanto, a pediatra avalia que o equipamento de segurança pode evitar um braço quebrado ou até mesmo um traumatismo crânio-encefálico.

Visão

Outro ponto de segurança no contato das crianças com os brinquedos é o cuidado com a saúde ocular. Alguns brinquedos simuladores de armas, por exemplo, são montados com laser e chegam a lançar projéteis.

Segundo o oftalmologista Hilton Medeiros (DF), peças com laser podem causar lesão ocular. Como os pequenos costumam olhar diretamente para a luz vermelha, a radiação afeta a retina, sendo capaz, inclusive, de provocar a perda da visão.

De acordo com o médico, apenas 10 segundos de exposição da retina ao laser são suficientes para provocar danos irreversíveis. Até os 10 anos de idade, os olhos do ser humano são mais sensíveis, em relação à fase adulta, já que a transparência da córnea e do cristalino são maiores. A vista pode ficar turva e há prejuízo da acuidade visual (capacidade de identificar o contorno e a forma dos objetos).

Os brinquedos simuladores de armas também são fáceis de machucar a visão das crianças, a depender de seu uso. Mesmo projéteis feitos de espuma de plástico são perigosos, se forem atirados muito próximos do rosto de alguém. Dardos e flechas plásticas podem perfurar os olhos, provocar deslocamento de retina, sangramento ocular, dentre outros danos à saúde.

Informalidade

De acordo com Fernanda Colares, pais e cuidadores também precisam ter atenção com os brinquedos adquiridos na informalidade. Produtos falsificados não passam pela inspeção de órgãos como o Inmetro e trazem alguns riscos para as crianças.

"A gente precisa ter certeza, por exemplo, que a tinta usada na pintura do brinquedo não é tóxica. E quando você compra num camelô, não tem como garantir a procedência", alerta a especialista. Comprar na informalidade pode ser tentador, por conta do preço mais barato e dos modismos que encarecem o valor dos brinquedos disponíveis no mercado.

No entanto, a pediatra coloca que, enquanto vivemos em tempos de maior acesso à informação, adquirir uma peça sem certificação do Inmetro significa correr um risco desnecessário. "Você não tem como saber se aquele brinquedo foi fabricado dentro das normas de segurança. Com o selo do Inmetro, é mais garantido", complementa.

Recomendações

INGESTÃO
Observe o tamanho do brinquedo e se contém partes destacáveis que possam ser colocadas na boca. Menores de 3 anos correm esse risco

FERIMENTOS
Materiais usados na fabricação dos brinquedos devem ser resistentes, não tóxicos e não inflamáveis. Objetos pontiagudos, pistolas com projéteis, dardos e flechas podem causar danos

RISCO
Brinquedos com correntes e cordas com mais de 15 cm devem ser evitados, pelo risco de estrangulamento. Objetos com partes de vidro também merecem atenção

ENERGIA
Brinquedos elétricos não são aconselhados para menores de oito anos, pois podem causar queimaduras, sufocação ou danos ao tubo digestivo

PROTEÇÃO 
O uso de bicicletas, patins, patinetes e skates exige equipamentos de segurança, como capacetes, buzina, joelheiras, cotoveleiras e luvas

AUTENTICIDADE 
Verifique a faixa etária recomendada pelos fabricantes e cuidado com falsificações. Se notar ausência do selo do Inmetro, ligue para 0800.2851818

INSTRUÇÕES
O manual do uso do brinquedo deve ser claro, objetivo e com ilustrações. Os importados devem trazer as mesmas informações, em Português.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria

Assuntos Relacionados