Intensidade da vida e das marés é inspiração do primeiro single de Clara Dourado

A cantora e compositora cearense lançou sua primeira canção em dezembro passado, produzida por Caio Castelo

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Clara Dourado encaminhou a produção do single ainda em 2019
Foto: Hei Nascimento

Ora manso, ora revolto, o movimento das marés nunca é algo linear - é intenso como uma vida de várias escolhas. E é dessa intensidade que bebe Clara Dourado, cantora, compositora e mulher entregue a uma série de ocupações, do ativismo ambiental à maternidade. Com o canto, ela lança seu primeiro trabalho autoral, o single "Mantra do Mar", uma declaração de busca pela sabedoria que vem desse fluxo das águas. 

Composição de Clara, a música está disponível nas plataformas digitais desde dezembro passado. Além da produção musical, Caio Castelo gravou o baixo e teclado; e Clau Aniz (guitarra), Igor Ribeiro (bateria) e Kadu Lopes (percussão) completaram o registro. 

Conforme a cantora, "ele (Caio) captou de cara a atmosfera que eu buscava para a canção, com referências que vão dos mantras indianos ao maracatu cearense, um pegada groovada que eu curto muito e sinto que encaixa no meu timbre. A produção dele foi super rápida, eu que embaçava sempre (risos)", observa ela, sobre a 'demora' do lançamento. 

Desde o lançamento, o single já figurou na playlist do "Ce Virando" (@cevirando, no Instagram) - projeto de divulgação da cena contemporânea da música no Ceará. E surgiu em um tempo de reviravoltas na vida de Clara, com o impacto da própria pandemia da Covid-19 e a chegada de Martin Annabi, seu filho de apenas 7 meses de idade. 

"É uma carta de amor pro mundo nesse momento difícil que estamos vivendo. Espero que quem ouça Mantra do Mar sinta um acolhimento, um afago, um abraço", sugere Clara.

Independência

O hiato entre a produção do single e o fato do lançamento, em parte, segundo a cantora, se devia à autocobrança. "E que só entendi depois de muitas sessões de terapia - foi uma insegurança mesmo que levava ao perfeccionismo. Acredito que por ter crescido no meio musical, pela vivência dos meus pais (a historiadora Lila Dourado; e o cantor e compositor Calé Alencar), estava acostumada com um certo nível de excelência e me espelhava nessa galera com décadas de bagagem, sendo que eu ainda tava ali, começando minha própria jornada", observa.

Já neste ano, o "Mantra do Mar" teve uma versão acústica interpretada ao lado do pai, Calé, que ganhou um vídeo postado no Instagram. "Carrego muito da vivência com ele no meu trabalho, porque foi com ele que comecei a cantar e toco até hoje, no Maracatu Nação Fortaleza. Assim como meu canto foi muito inspirado pelos discos de jazz da minha mãe, que sempre foi minha maior incentivadora. Ficava horas perdida nos LPs dela da Etta James, Billie Holliday, Aretha Franklin...", rememora Clara.  

Assuntos Relacionados