Grupo Galpão apresenta o sarau "De Tempo Somos", baseado na própria obra musical

A formação de Minas Gerais retorna à capital cearense. O espetáculo acontece nesta quinta (19), no Sesc Fortaleza

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: O Galpão reúne 25 músicas no novo espetáculo, dentre composições inéditas e a trilha sonora de peças como "Partido" (1999)
Foto: Foto: Guto Muniz

A história do Grupo Galpão de Belo Horizonte (MG) ultrapassa os limites do nicho do circuito teatral no Brasil. Em um País em que boa parte do público consumidor de cultura sequer conhece um teatro, falar em "artes cênicas" desemboca, em algum momento, na trajetória da companhia mineira.

De volta à capital cearense, o Galpão apresenta o espetáculo "De Tempo Somos - Um Sarau do Grupo Galpão", nesta quinta (19), às 20h, no Sesc Fortaleza (Centro). A montagem é uma mostra do repertório de canções do grupo mineiro. Com direção de Lydia Del Picchia e Simone Ordones, o musical passeia por 25 composições que fizeram parte das trilhas sonoras das peças, de 1986 até aqui.

O acesso ao espetáculo é gratuito, com a doação de 2kg de alimentos (exceto sal). A arrecadação será destinada ao Programa Mesa Brasil, do Sesc. A retrospectiva começa com o repertório da "Comédia da Esposa Muda", de 1986, situa o ator Eduardo Moreira, também fundador do Galpão.

Como sempre tocamos e cantamos ao vivo, fizemos esse espetáculo. Fala da questão da passagem do tempo. Fazendo a peça, refletimos que somos um grupo de 37 anos. E também da poesia como um estado de embriaguez. Esses dois temas são os principais", identifica o artista.

O espetáculo tem direção musical e arranjos de Luiz Rocha. No repertório, o Galpão ainda apresenta músicas inéditas, além de trazer referências de montagens como "Corra enquanto é tempo" (1988), "Romeu e Julieta" (1992), "Partido" (1999) e "Tio Vânia" (2011). Em paralelo, a concepção do sarau passa pela poética de autores como Eduardo Galeano, Manuel Bandeira, Jack Kerouac, Paulo Leminski, Charles Baudelaire e José Saramago.

Eduardo observa que a montagem não se trata exatamente de uma "reconstituição". Para fazer parte do espetáculo musical, as canções ganharam "um novo contexto, uma nova vida. Tudo é muito diferente. Foi uma recriação mesmo. Transformamos todo o material, sem nada de nostálgico ou reverencial ao nosso passado. É voltado para o futuro", reflete o ator.

Circulação

Com quase 40 anos de estrada, o Galpão construiu reputação no circuito teatral do País e conseguiu uma boa agenda de circulação, embora a base do grupo esteja em Belo Horizonte (MG) - fora do eixo Rio-SP. Eduardo Moreira recapitula como o grupo teve oportunidade de aprender, viajando pelo Brasil inteiro, em contato com diversos públicos e grupos artísticos.

Segundo o ator, o Nordeste é uma das referências de circulação para o grupo mineiro. Eduardo observa que a região "é o Brasil que deu mais certo", qualifica. "Nesse momento, num momento político e social tão desolador, o Nordeste é um contraponto a isso. Ir para a região é revitalizante, e a gente sempre aprende muito. O Galpão já foi muito ao Ceará, Pernambuco, trabalhei com o (grupo) Clowns de Shakespeare do Rio Grande do Norte", situa.

Serviço
De Tempo Somos

Sarau do Grupo Galpão/MG, nesta quinta (19), às 20h, no Sesc Fortaleza (Rua Clarindo de Queiroz, 1740, Centro). Acesso gratuito, mediante a doação de 2Kg de alimentos. Contato: (85) 3462.6350

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