Filme cearense "Inferninho" estreia em Fortaleza após conquistar prêmios no Brasil e exterior

Dirigido por Guto Parente e Pedro Diógenes, o longa-metragem já coleciona quase 10 títulos em festivais de Lisboa, Rio de Janeiro, Recife e São Luís

Escrito por Wolney Batista , wolney.santos@verdesmares.com.br
Legenda: Longa mostra o relacionamento de Deusimar (Yuri Yamamoto) e Jarbas (Démick Lopes)
Foto: FOTOS: DIVULGAÇÃO

Deusimar (Yuri Yamamoto) é uma dona de bar que sonha em morar em um lugar distante. Jarbas (Démick Lopes), um marinheiro recém-chegado com a intenção de construir relações sólidas. O encontro dos dois é o ponto de partida para o filme "Inferninho", mas também ajuda a contar a história de tantas outras pessoas reais, que, por vezes, enfrentam obstáculos para viver sua essência pelo fato de não se enquadrarem nos padrões da sociedade.

Dirigido pelos cearenses Guto Parente e Pedro Diógenes, o longa-metragem chega para exibição nesta semana em cinemas de Fortaleza, depois de ganhar projeção nacional e internacional. Na bagagem, a produção já coleciona quase 10 prêmios, entre eles, o de melhor filme no Festival Internacional de Cinema Queer, em Portugal; do Prêmio Felix Especial do Júri, no Festival do Rio; e nas categorias de Melhor Filme, Direção e Ator, na Mostra Internacional de Cinema de São Luís.

O diretor Guto Parente credita a boa recepção da crítica e do público devido à empatia com os personagens, que incluem ainda Luizianne (Samya de Lavor), a cantora do bar homônimo ao título do filme; Coelho (Rafael Martins), o garçom; e Caixa-Preta (Tatiana Amorim), a faxineira. "São personagens muito frágeis, mas muito verdadeiros. Eu acho que as pessoas têm gostado, talvez, por viver uma experiência cinematográfica em um filme que oferece um afago, especialmente no momento que a gente tá vivendo, de muita truculência, negação de liberdade e de um crescimento de moralismo".

Além de entrar na programação dos cinemas do Centro Cultural Dragão do Mar e do Cineteatro São Luiz, o filme estreará em outras 23 salas de 20 cidades brasileiras.

O retorno é ainda mais significativo por "Inferninho" se tratar de um projeto fruto de tímidos recursos financeiros. "Era muito pequeno, feito de uma forma muito artesanal. A gente fez com baixo orçamento. Filmamos em 10 dias. Então não era um projeto que a gente esperava que fosse chegar tão longe quanto chegou", ressalta o cineasta, que divide a direção de um longa pela quarta vez com o primo, Pedro Diógenes. "A gente iniciou toda nossa cinefilia juntos. Desde muito novos sempre nutrimos essa paixão pelo cinema e também foi assim que começamos a fazer cinema. A coisa flui de uma maneira muito orgânica".

Destaques

Entre os pontos altos da produção estão a atuação delicada de Yuri Yamamoto e a trilha sonora de Victor Colares, pautada em sucessos da cantora Rita de Cássia. "Ela é uma das maiores compositoras de forró do Brasil. Quando pensamos em ter uma cantora no bar pesquisamos e chegamos nas canções da Rita. A gente sentiu que casava muito bem com a história, que as músicas acabam funcionando como comentários sobre a narrativa".

Assuntos Relacionados