Festival Lamparina de Histórias chega à 20ª edição e acontece de quarta (5) até sexta (7)

O projeto traz uma programação sobre oralidade e tradições medievais para o Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, e ao campus da Unilab, em Redenção

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: A narradora Elisabete Pacheco conduzirá a contação de histórias "Leviatã e outros monstros" nesta quarta (5)
Foto: Foto: Felipe Abud

A exemplo do folclore, o estereótipo que cerca a cultura medieval tacha essa manifestação como algo ultrapassado, sem relação com o presente. O trabalho para a desconstrução do estigma é constante e mobiliza projetos como o Lamparina de Histórias: Festival de Narrativas e Artes Medievais.

A 20ª edição do evento acontece nesta quarta (5) e quinta (6), no Cineteatro São Luiz (Centro), e na sexta (7), chega a Redenção (CE), no campus da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

O festival reúne mais de 12 atrações, entre contadores de histórias, grupos musicais, dramistas e uma programação especial sobre oralidade e tradições medievais. O acesso é gratuito.

"Com um mundo cada vez mais unificado, temos uma sensação crescente de pertencimento aos aspectos culturais de diferentes origens. Muitos dos costumes consolidados no período medieval foram preservados por meio das próprias pessoas e instituições, sofrendo pequenas mutações ao longo do tempo, mas permanecendo com elementos ainda vivos no mundo atual", observa o historiador Ricardo Menezes.

Especialista em artes medievais, ele participará do encontro "As histórias e artes através do tempo", na próxima sexta (7), na Unilab. Para Ricardo, o Festival Lamparina de Histórias procura equilibrar uma situação de desvalorização dos saberes tradicionais no cenário cultural de hoje. "A sociedade tem começado a questionar a individualização exacerbada da era das redes sociais. Acredito que o projeto chega à 20ª edição pelo empenho dos seus idealizadores, dedicados a incentivar e debater o tema para os mais diversos públicos", avalia.

De acordo com Júlia Barros, produtora do festival, a longevidade do projeto se ampara no movimento dos narradores tradicionais. "Desde o princípio, nós queremos trazer esse narrador à cena e trazê-lo como protagonista para sua comunidade. Nas 13 cidades por onde passamos, fizemos um mapeamento desses contadores de histórias", recapitula Júlia.

O fôlego do evento, segundo a produtora, também está no respaldo do projeto junto aos próprios narradores. A produção busca diversificar as atrações da programação e, neste ano, somente a Banda Cabaçal Palmares e os veteranos do Grupo Era Uma Vez retornam à escalação do festival. Nomes como Elisabete Pacheco (Juazeiro do Norte) e o Grupo Costureiras de Histórias (parte de um projeto de extensão da Unilab, de Redenção) fazem suas estreias no Lamparina de Histórias.

Legenda: O Grupo Costureiras de Histórias participará da programação no Cineteatro São Luiz

Feira

Durante a programação, haverá exposição de uma feira criativa com 12 mulheres. As expositoras são artesãs de suas comunidades e levarão artesanatos, xilogravuras, cordéis e outros livros para venda.

Atrelada à feirinha e ao restante da programação, haverá participação de mestres da cultura no evento. "O Mestre João Pedro do Juazeiro vai estar conosco na programação. Temos também as dramistas de Guaramiranga, e dentro desse grupo tem dois mestres: o Mestre Vicente do Bumba Meu Boi e a Dona Ilza, mestra dramista", situa a produtora.

Crianças

Pelo aspecto lúdico e apelo das histórias, o festival também se volta às crianças. Em edições anteriores, o Lamparina de Histórias, inclusive, levou a programação para dentro das escolas.

"Passar os saberes tradicionais para as crianças e jovens valoriza nossa identidade cultural. Pela fase que elas se encontram, acho que estão mais abertas. Sempre aprendendo, compartilhando ideias. Acho importante demais fazer esse link", destaca Júlia Barros.

Para Ricardo Menezes, a compreensão sobre a Cultura Medieval costuma ser distorcida, hoje, pelos filtros midiáticos e de entretenimento. No entanto, o entendimento do período da Idade Média, sob a luz da investigação histórica, reforça ele, ajuda o público a encontrar suas conexões com a contemporaneidade.

Esse período da história gerou impactos na organização social humana, e até na sua própria biologia, que nunca serão perdidos. Podemos até não perceber ao primeiro olhar, mas basta uma pesquisa para conseguirmos traçar linhas sobre diversos dos nossos costumes como tendo origens em um período muito anterior", reflete o historiador.

Serviço
Festival Lamparina de Histórias

20ª edição do Festival de Narrativas e Artes Medievais. Nesta quarta (5) e quinta (6), no Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500, Centro), e sexta (7), no campus da Unilab (Avenida da Abolição, 3, Centro, Redenção/CE). Acesso gratuito.

Programação 

Quarta (5), no Cineteatro São Luiz  

8h30 - Palhaçaria e malabares, com Celino Ferreira 

9h - Contação de histórias “Leviatã e outros monstros”, com a narradora Elisabete Pacheco 

10h - Animação com malabares e cuspidor de fogo, com Celino Ferreira 

10h30 - Projeto Arte, Cultura e Memória, da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga 

12h  - Show musical com o Grupo Syntagma 

Legenda: Os veteranos do Syntagma estão entre as atrações musicais do festival

Quinta (6), no Cineteatro São Luiz  

8h - Palhaçaria e malabares, com Celino Ferreira 

9h - Fuxicando histórias, com o grupo Costureiras de Histórias.  

10h - Animação com malabares e cuspidor de fogo, com Celino Ferreira  

10h às 11h30 - Oficina de xilogravura com o Mestre João Pedro do Juazeiro                                                                                                            

12h - Apresentação musical com a Banda Cabaçal Palmares. 

 

Sexta (7), na Unilab (Redenção) 

14h - Grupo de contadores de histórias da Unilab 

15h - “As histórias e artes através do tempo”, com o Mestre Ricardo Menezes, especialista em  cultura medieval, e Luís Tomáz Domingos, professor da Unilab 

17h - “Histórias para além do tempo”, com o grupo Era uma Vez

 

 

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