Festival de cinema LGBTQI+ de Recife exibe seis filmes cearenses

Além das exibições de curtas e longas, o Recifest traz ainda debates sobre o audiovisual e questões de gênero

Escrito por Redação ,
Esta é uma imagem do curta Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que Não Existe Mais
Legenda: Recifest exibe curta cearense Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que Não Existe Mais
Foto: Divulgação

O festival de cinema LGBTQI+ Recifest retomou suas atividades em 2021, após uma pausa de um ano. O evento acontece virtualmente e exibe 30 curtas-metragens de todo do país. A produção cearense espaço de destaque: cinco curtas estão na programação. A programação segue até quarta-feira (31) no site do Recifest. 

A representatividade proposta pelo Recifest vai além da tela. A programação busca exibir não apenas curtas e longas-metragens com temática LGBTQI+, mas produzidos por realizadores desse segmento da população. 

“(Isso) mudou ao longo da trajetória do festival, que começou sendo um festival só de temática. Mas o conceito expandido é muito mais adequado para o que a gente propõe para a visibilidade, sobre o que essas pessoas pensam, sobre o que elas querem colocar no mundo independente da temática”, explica a diretora artística do festival, Carla Francine. 

A edição 2021 do Recifest é a primeira versão online do evento. Apesar da nova modalidade, o festival segue mantendo as tradições dos anos anteriores, mas com uma nova roupagem. Durante os cinco dias de programação, que teve início no último sábado (27), o festival está com votação aberta para o público eleger os melhores filmes em duas categorias: Melhor Filme Pernambucano e Melhor Filme Nacional. 

Esta é uma imagem do curta Tia Iracy Futebol Clube
Legenda: Recifest exibe curta cearense 'Tia Iracy Futebol Clube'
Foto: Divulgação

O festival também elege os melhores filmes nacionais e pernambucanos a partir de um júri técnico. A novidade deste ano é que, diferente dos anos anteriores, todas as obras exibidas serão contempladas com o pagamento dos direitos pela exibição no festival, recurso que era destinado inicialmente apenas para os vencedores da edição. 

“A gente sabe que tá todo mundo no aperto, principalmente nós da cultura, que paramos há tanto tempo. Nós do cinema não pudemos estar com equipe na rua. É normal e tem que ser assim mesmo porque ninguém precisa estar expondo ninguém no meio de um contexto de pandemia desse, tá arriscando a vida dos nossos parceiros, dos nossos profissionais”, diz Francine. 

O festival também oferece atividades formativas gratuitas para o público. Durante o festival, estão previstos diversos debates que abrem a discussão sobre o cinema e temas relacionados ao universo LGBTQI+. A programação conta ainda com workshops. O público pode conferir as oficinas “Drag Queen Curso - Imersão Drag”, ministrada por  Zé Carlos Gomes e sua persona drag, Sheyla Müller, e "Documentando", com Marlom Meirelles.

“A gente tá falando de vários assuntos relativos à temática LGBTQI+ e ao cinema, com a participação dessas pessoas, que são o foco, na verdade. Precisamos dar visibilidade a essa produção, que é crescente, tanto quantitativamente, quanto qualitativamente. Nós vimos muita coisa boa ao longo desses anos”, afirma a diretora artística. 

Os 30 curtas-metragens foram subdivididos em seis sessões. Entre os filmes cearenses, serão exibidos ‘i am vírus’, de Paula Trojany, ‘Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que Não Existe Mais’, de Rafael e Luan e Mike Dutra, ‘Nebulosa’, de Noá Bonoba, ‘Marco’, Sara Bevenuto, e ‘Tia Iracy Futebol Clube’, de Layla Sah.

Representatividade cearense

Esta é uma imagem do filme Cantos dos Ossos
Legenda: 'Cantos dos Ossos' é o único longa-metragem exibido no Recifest
Foto: Divulgação

Além dos cinco curtas produzidos no Estado, o único longa-metragem presente na programação do Recifest também é cearense. Produzido por Jorge Polo e Petrus de Bairros, o filme ‘Canto dos Ossos’ foi gravado em Canindé. O filme conta a história de duas amigas monstras que decidem seguir rumos diferentes, mas que se encontram após décadas de despedida. 

“O processo todo começou a partir dessa vontade da Maricota (protagonista) de fazer filme na cidade dela, que é Canindé, e a coisa começou a tomar forma no contato com essas atrizes e atores.  Não foi uma coisa do tipo ‘vamos representar essa galera’, foi algo que veio do contato mesmo com as atrizes e com essas possibilidades narrativas que não necessariamente passariam por essa normatividade”, conta o diretor e roteirista do filme, Jorge Polo.

O diretor acredita que o filme possui uma característica pulsante que deriva da cena do cinema cearense, que é influenciada pela presença do teatro, da dança, da arte e da música que movimentam Fortaleza. 

“Foi algo que surgiu muito do encontro dessa vontade de não repetir certas fórmulas assim. Isso está presente tanto na formação da equipe, quanto na narrativa de alguma forma. Ao mesmo tempo, pelo convívio que foi gestado de maneira muito coletiva, tanto a equipe, na parte técnica, quanto dessa parte narrativa. Somou muito a parte de experiência de convivência”, completa. 

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